Alegre defende medidas para combater a crise - TVI

Alegre defende medidas para combater a crise

Manuel Alegre - Foto de Inácio Rosa para Lusa [Arquivo]

Socialista afirma que «não é possível um país pobre injectar milhares de milhões na banca»

O deputado socialista Manuel Alegre defende no editorial da revista Ops! a necessidade de corrigir políticas e comportamentos para combater a crise, considerando ética e politicamente «inaceitável» que um país pobre esteja a injectar dinheiro na banca, avança a agência Lusa.

«Quando cresce o número dos desempregados e desfavorecidos, não é possível um país pobre injectar milhares de milhões na banca», escreve Alegre no editorial da terceira edição da revista de opinião socialista Ops!, que será apresentada esta quarta-feira, mas já disponível na Internet, dedicada à crise económica.

Manuel Alegre afirma que, «devido às fragilidades estruturais, o Estado tornou-se cada vez mais refém de interesses privados ilegítimos» em Portugal e defende a necessidade de «coragem para corrigir políticas e comportamentos» e «coragem para procurar soluções políticas novas, sob pena de as mesmas causas continuarem a produzir os mesmos efeitos».

Para Alegre, «o agravamento da crise vem pôr em causa os objectivos que até aqui tinham norteado a política do governo», com o défice acima dos 3 por cento, a dívida pública a atingir «valores nunca antes atingidos» e o agravamento do desemprego, das desigualdades, pobreza e injustiça social.

Persistência da pobreza em Portugal

Referindo que Portugal é o país da União Europeia «com maior desigualdade na distribuição da riqueza», Alegre considera que a persistência da pobreza em Portugal é uma questão estrutural e «de modelo económico que se alimenta da precariedade».

«Há que garantir salários e pensões mínimas mais elevados e agravar a taxação fiscal de salários e pensões milionárias», escreve, lembrando que a luta contra a pobreza passa pela escola, emprego, habitação, acção social, cidadania, direitos dos imigrantes, criação de condições de vida nos subúrbios e combate ao isolamento do interior.

Alegre considera que, neste cenário de recessão, é preciso ser-se ainda mais criterioso «na escolha dos investimentos públicos».

«Não bastam as grandes obras públicas. Precisamos de mais e melhor investimento público, apoio à criação de emprego e à inovação cultural, tecnológica e social, mais incentivos fiscais e diminuição da nossa dependência externa em factores essenciais da soberania nacional», destaca.
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