Manuel Caldeira Cabral comentava assim o Boletim Económico de dezembro do Banco de Portugal (BdP), divulgado hoje, no qual o banco central revê em baixa a previsão de crescimento económico para este ano, de 1,7% para 1,6%, mas também para os próximos dois anos, piorando assim as estimativas de crescimento económico e admitindo, ainda, um "grau de incerteza particularmente elevado" na projeção, devido à inexistência do Orçamento do Estado para 2016.
"As previsões são num quadro em que ainda não foi apresentado o Orçamento do Estado, não têm em conta ainda o impacto que pode ter a alteração orçamental", sublinhou.
Para o titular da pasta de Economia, "para além da alteração orçamental", há outros fatores a ter em conta, como o "impacto que o aumento de rendimentos terá", o "aceleramento dos fundos comunitários e o apoio ao investimento", que disse esperar que "faça com que as empresas cumpram o seu papel e reforcem o seu investimento".
Caldeira Cabral apontou como objetivo "trabalhar para inverter, acelerar, o crescimento económico, da economia e do emprego", isto porque, referiu, "o investimento está ainda muito abaixo dos valores de antes da crise".
No entanto, lembrou, os números apontados pelo BdP "são sempre só previsões".
Salário mínimo
O ministro da Economia reafirmou como objetivo para a Concertação Social "melhorar o rendimento" dos trabalhadores, garantindo que "todos" irão ser ouvidos no sentido de encontrar uma solução "o mais consensual" possível para o salário mínimo nacional.
Em Barcelos, para a apresentação dos órgãos sociais da Associação Comercial e Industrial de Barcelos e na véspera de uma reunião da concertação social, o titular da pasta de Economia, Manuel Caldeira Cabral, ouviu o presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), António Saraiva, apelar à " moderação salarial ", por falta de capacidade das empresas em pagarem mais do que pagam atualmente, embora reconheça que o salário mínimo "é baixo".
Já o líder da Confederação de Comércio e Serviços de Portugal (CPP), João Vieira Lopes, pediu ao Governo para ouvir a confederação, salientando que quem tem "os pés na água" são os agentes económicos.
"[Vamos] ouvir as propostas, ouvir todos, para que se encontre uma solução que seja o mais consensual possível e que sirva os interesses de cada uma das partes, mas também do país", disse Caldeira Cabral sobre a reunião da Concertação Social de quinta feira, salientando que o objetivo dessa reunião é "encontrar uma solução que permita melhorar o rendimento dos trabalhadores".
Sobre a discussão do salário mínimo nacional, que estará quinta-feira em cima da mesa na Concertação Social, António Saraiva alertou para a incapacidade de muitas empresas em pagarem mais do que o valor atualmente estipulado.
"Muitas empresas não têm condições para pagar mais enquanto não tiverem o salto qualitativo que todos procuramos que consigam ter e, por isso, temos que ter alguma moderação salarial e fazer depender o valor do rendimento dos ganhos de produtividade, da inflação, do crescimento económico", apontou o representante patronal, que, contudo, reconheceu que o "salário mínimo é baixo".
Já João Vieira Lopes apelou ao diálogo, destacando que são as empresas que têm o conhecimento do terreno.
"O Governo, a Assembleia da República, têm toda a legitimidade de legislar como entenderem, mas ouçam-nos, porque nós é que temos os pés na água, temos de facto uma experiência do tecido económico, mesmo que nem se aplique tudo aquilo que nós propomos", apelou.
Ainda sobre a Concertação Social, o ministro da Economia reforçou o valor que o Governo lhe reconhece.
"Reafirmo a importância que o Governo dá à Concertação Social, como uma parte da decisão que é complementar à parte politica, mas que uma não substitui a outra, são dois patamares de decisão, os quais nós respeitamos e damos a maior importância", afirmou o ministro.