Processo da PGR foi "uma fantochada porque a escolha da procuradora estava feita" - TVI

Processo da PGR foi "uma fantochada porque a escolha da procuradora estava feita"

  • 27 set 2018, 23:29

Manuela Ferreira Leite critica o papel da ministra da Justiça na escolha da nova Procuradora-Geral da República. Defende Cavaco e Marcelo, o atual presidente também pela insistência em Tancos

A comentadora da TVI, Manuela Ferreira Leite, critica o processo recente de escolha da nova Procuradora-Geral da República, no qual, a seu ver, só a postura de Marcelo Rebelo de Sousa e a opinião de Cavaco Silva, de quem foi ministra se aproveitam.

Manuela Ferreira Leite, na 21.ª Hora da TVI24, afirmou não concordar "seguramente, que a nomeação para um lugar institucional como é o Procurador-Geral da República seja discutida na praça pública e politizada. E não foi o professor Cavaco Silva que o fez".

Pior do que ter sido politizada foi ser partidarizada", frisou ainda Ferreira Leite, para quem a ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, "não se importou de desempenhar um papel que significa a partidarização da nomação", ao ouvir os partidos.

Pior do que ser sido partidarizado foi consultar partido a partido. Foi tal o objetivo da partidarização que foi algo inconsequente e até foi, direi, e peço desculpa pela expressão, uma fantochada, porque a escolha da procuradora estava feita", disse Ferreira Leite.

Para a comentadora, "a pessoa que efetivamente foi discreta foi a procuradora Joana Marques Vidal e o Presidente da República, que até fez um comunicado no site da Presidência, dizendo que não se tinha pronunciado sobre a matéria".

Manuela Ferreira Leite considera ainda que o reparo de Cavaco Silva sobre o processo não visou o seu sucessor em Belém: "admito quando o professor Cavaco Silva falou da geringonça está a falar da partidarização da matéria. É uma crítica direta ao sistema partidário que permite a desqualificação das instituições públicas".

Considero que este episódio foi lastimável do ponto de vista do Governo que devia ter posto um ponto final na questão. Se foi por inabilidade, palavra simpática para falar de incompetência, acho horrível do ponto de vista do Governo e se foi intencional está-se a fazer política com aquilo com que não deve ser feito", sustentou Ferreira Leite.

Tancos: "guerra do Solnado"

Crítica também foi Manuela Ferreira Leite com o caso do armamento furtado em Tancos e depois aparecido na Chamusca, com os recentes desenvolvimentos judiciais, dado que foi um processo "tão desvalorizado que entrou na anedota e não foi anedota nenhuma".

Desde que começou o processo, que houve uma tentativa do Governo para desvalorizar a situação e desvalorizou tanto ou tão pouco que já se falava da guerra do Solnado", afirmou a comentadora.

Para Ferreira Leite, "quem não permitiu que o assunto não fosse desvalorizado foi o Presidente da República, que não deixou o caso cair no esquecimento. E agora verifica-se que tinha razão".

Manuela Ferreira Leite considera ainda que o caso de Tancos inclui responsabilidades políticas, que o primeiro-ministro não quer assumir.

Efetivamente existe uma responsabilidade política e ninguém está a dizer que o ministro tem de estar à porta dos paióis. Agora, se não tem responsabilidade política, quem tem? Quando o ministro Jorge Coelho se demitiu porque a ponte caiu, tinha de reparar a ponte na véspera?", questionou a comentadora.

Táxis: "mudar e não proibir"

Também o recente protesto dos taxistas mereceu a atenção da antiga ministra, considerando que os dirigentes da classe deviam conduzir "os seus associados a fazerem outras reivindicações e a enveredar por outros caminhos".

Neste momento, a concorrência significa que quem se sente ameaçado tem de mudar e não proibir. Porque a concorrência não se proibe. É uma batalha perdida que não conduz ao interesse das pessoas", considerou a comentadora.

Ferreira Leite manifesta ainda dúvidas sobre a solução política para a questão dos taxistas, com o "endossar de responsabilidades para as autarquias, já que não era só isso que os taxistas queriam".

A obrigação das associações que os representam era de conduzi-los para obter objetivos que sejam exequíveis. Acho que os taxistas também não mereciam que esta luta corajosa acabasse de forma inglória", concluiu Ferreira Leite.

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