“Temos das taxas mais baixas de novos doutores no quadro europeu e, portanto, temos de garantir uma continuidade do processo de formação pós-doutoral e de um processo de confiança no futuro.
O governante assegurou que “os contratos assinados serão cumpridos, mas é clara uma necessidade de repensar e revisitar as estratégias de desenvolvimento científico e também na formação avançada que é uma área perfeitamente crítica”.
“Por isso temos que naturalmente trabalhar com a comunidade científica para repensar uma estratégia que tem de ser apenas feita e implementada em termos de valorizar o conhecimento em Portugal”, defendeu.
Manuel Heitor considera que é necessária “uma visão de confiança e de estímulo à produção e difusão do conhecimento". "Temos todos de desenvolver um conjunto de práticas e de programas que o consigam concretizar no espaço de uma legislatura”, afirmou.
“Não nos podemos esquecer que nos últimos quatro anos regredimos vários anos no investimento nesta área e agora temos de voltar a construir essa tendência de crescimento."
Com esse propósito, Manuel Heitor disse que irá trabalhar para “repor e reforçar o investimento na investigação criando um espaço de debate e de intervenção com a comunidade científica”.
“Nos últimos quatro anos tivemos uma redução total, tendo como base as métricas e as estatísticas portuguesas referenciadas na OCDE, de 530 milhões de euros”, disse, deixando um desafio aos investigadores para que tentem “perceber esta redução” e para que avancem com “um projeto coletivo de inverter este processo de desvalorização do conhecimento no contexto português”.
Segundo os dados referidos esta quarta-feira pelo ministro da Ciência, “Portugal já tinha atingido em 2009/2010 cerca de 1,6% do produto, neste momento está com 1,3 % de produto investido na área da produção e difusão do conhecimento. O meu compromisso com os investigadores é reverter este processo e reforçar o investimento”.
“Nos últimos anos tivemos uma redução de 19% no investimento global, são os dados das estatísticas publicadas no mês passado e, portanto, cumpre-nos a nós inverter essa tendência”, disse.
Manuel Heitor considerou que este é “um esforço coletivo que é necessário vencer, assim como ter confiança no futuro e no quadro europeu”.
“Por isso, o meu esforço nas últimas semanas de ter discutido esta temática com o comissário europeu em Bruxelas e com a OCDE ainda esta semana, para podermos inverter claramente e convergirmos com a Europa. Portugal divergiu da Europa nos últimos quatro anos em matéria de produção e difusão de conhecimento. A minha principal tarefa é naturalmente inverter essa tendência e trabalhar num projeto e num trajeto de convergência com a Europa”, frisou.
Questionado sobre a saída de Portugal de jovens investigadores portugueses para conseguirem concretizar os seus projetos de investigação, o ministro considerou que mais importante do que os convidar a regressar é “valorizar o seu posicionamento”.
“Claro que é impensável que todos regressem de um dia para o outro, alguns vão regressar, os outros teremos que valorizar a sua posição e o seu relacionamento com Portugal” uma vez que “a saída de muitos portugueses nos últimos quatro anos deveu-se muito a um desinvestimento nesta área e particularmente a um projeto de desconfiança no sistema”, acrescentou.