Manuela Ferreira Leite, antiga ministra das Finanças e presidente do PSD, receia que "estejamos a construir um país a duas velocidades", dada a degradação que vê nos serviços públicos, apesar de assumir que a situação económica do país melhorou.
Não há duvida que situação económica tem melhorado. O crescimento do produto, não sendo extraordinário, é significativo, o desemprego, que estava em níveis elevadíssimos, tem baixado e há a redução do défice", enumerou Ferreira Leite, lembrando os "pontos que estavam na mira da intervenção da troika.
Para a antiga ministra, há, contudo, um alerta sobre a qualidade dos serviços públicos, quando se vive numa ideia e prática política de "uma enorme restrição orçamental pela corte na despesa".
Se não se fizer nada, o país parece que está a degradar de forma visível. No setor da Saúde, não creio que haja duas opiniões, nalguns casos são os responsáveis que dizem estar à beira da falência. Mas olho também para as escolas, e parte significativa de escolas está em situação de degradação física", disse Ferreira Leite.
Lembrando que "a não conservação implica no futuro uma despesa superior", a antiga ministra adverte para o perigo social de se poder criar um "país a duas velocidades", em que no topo estarão "aquelas pessoas que não necessitamd e serviços públicos de saúde, porque têm forma de ir a outros meios ou que podem pôr os seus filhos em escolas menos desagradáveis".
As instâncias europeias preocupam-se com os valores de equilíbrios macroeconómicos mas descuram a consequência social dessas medidas. E não vejo como é que é possível que haja equilíbro social no país, enquanto estivermos apenas a olhar para aqueles elementos que implicam que não possa haver despesa. Estas duas velocidades é algo que deveria ser ponderado", considerou.
Florestas: "consciência está adquirida"
Avaliando as leis que forçaram a obrigatoriedade de limpeza dos terrenos privados pelos seus donos, a antiga ministra considera que a medida "foi assimilada e ao ser assimilada há uma consciencialização generalizada, tanto por parte das pessoas, como dos proprietários e das próprias autarquias"
Acho que essa consciência está adquirida. E é preciso assimilar que esse tipo de ação não é uma vez na vida. É todos os anos. Mas há consciência do que está a ser feito e do que é susceptível de ser feito e de que a responsabilidade não é só do Governo, de um ministro ou das autarquias", concluiu Ferreira Leite.