Ferreira Leite lamenta que não tenha ficado “vincado à pele do PS” responsabilidade da bancarrota - TVI

Ferreira Leite lamenta que não tenha ficado “vincado à pele do PS” responsabilidade da bancarrota

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  • JGR
  • 8 mar 2021, 19:14
Manuela Ferreira Leite

Manuela Ferreira Leite deixou o desejo - “voltar a ver o PSD à frente dos destinos do país” - e um desabafo: que nunca foi uma lutadora da causa dos direitos das mulheres e que nunca quis ser igual aos homens

A ex-líder do PSD Manuela Ferreira Leite lamentou esta segunda-feira que não tenha ficado “bem vincado à pele do PS” as responsabilidades na bancarrota em 2011, admitindo que o ‘chumbo’ do PEV IV possa não ter acontecido no “momento certo”.

Numa homenagem promovida pelas Mulheres Social-Democratas (MSD) no Dia Internacional da Mulher, Ferreira Leite foi questionada sobre o seu papel no debate que originou a demissão do Governo de José Sócrates, em que foi a oradora principal da bancada social-democrata contra o chamado PEC (Programa de Estabilidade e Crescimento) IV.

A antiga ministra da Educação e das Finanças começou por dizer ter-se sentido honrada por protagonizar esse debate, já que significava o reconhecimento pelo PSD do que ela tinha defendido antes, enquanto presidente do partido, que o país “estava à beira de uma bancarrota”.

Hoje penso, mas é hoje - é sempre muito fácil fazer análises a posteriori - que talvez não tivéssemos tomado a decisão no momento certo. Porquê? Porque não deixámos que ficasse bem vincado à pele do PS que a bancarrota foi provocada por eles”, afirmou.

Ferreira Leite considerou que “o PS acabou por sair de uma forma bastante discreta” da situação e “grande parte da opinião pública” o que recorda são “as medidas impopulares tomadas pelo PSD”.

“Admito que o Governo do dr. Passos Coelho tivesse considerado que era preciso atacar com muita rapidez os problemas do país. A posteriori, tenho pena que não tenha ficado mais colada ao PS a ideia de que tudo aquilo que viemos a passar teve origem naquilo que fizeram, e que continuem a fazer o fazer o discurso como se não tivessem nada a ver com a ‘troika’”, afirmou.

Na conversa de quase uma hora transmitida nas redes sociais do PSD, Ferreira Leite admitiu que foi para a política de uma maneira quase casual, mas que aderiu de forma “quase instantânea” às ideias do fundador do PSD Francisco Sá Carneiro.

No final, o presidente do PSD, Rui Rio, numa mensagem pré-gravada, apontou Ferreira Leite como “exemplo de serviço à causa pública”, e considerou-a merecedora de “uma homenagem em qualquer dia do ano”.

Em particular no Dia da Mulher, quando nós temos tanta dificuldade em arranjar mulheres para a política, mostrar um exemplo como o da dra. Manuela Ferreira Leite obviamente que é cativar as mulheres para a política, é dar um bom exemplo”, apontou.

Rio salientou ter visto muitas vezes, enquanto presidente do partido, Ferreira Leite a “preferir comprar uma guerra, mas manter-se coerente e de bem consigo mesmo”.

Deve estar muito de bem consigo”, afirmou.

Manuela Ferreira Leite deixou um desejo - “voltar a ver o PSD à frente dos destinos do país” - e um desabafo: que nunca foi uma lutadora da causa dos direitos das mulheres e que nunca quis ser igual aos homens.

Questionada que conselho daria a uma mulher que quisesse liderar o PSD, respondeu que “não daria nenhum conselho a uma diferente do que daria a um homem”.

“Não senti, como candidata, e no exercício de funções do presidente do partido que houvesse alguma diferença”, acrescentou a única mulher que liderou o PSD.

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