BES e Banif. Banca. Bancos, se quisermos. Entramos na reta final da campanha e houve pelo menos três cidadãos desesperados a pedir uma solução a Marcelo, se vier a ser eleito Presidente.
Horácio é um desses casos. Estava esteve domingo a um canto, no Fórum de Aveiro, à espera dele. Fez questão de levar no bolso do casaco o papel que atesta o que lhe tiraram – tudo; e como ficou – sem nada.
Marcelo tinha a prova em mãos e a lágrima do homem a escorrer-lhe pela cara. Não evitou um ar resignado. “Os proprietários de obrigações subordinadas, de facto, em princípio não tem direito a nada, mas se demonstrar que foi enganado…”.
Já recomposto, tentou passar a mensagem de esperança que tem apregoado. Aconselhou-o tentar recuperar o dinheiro: “Não sei, se tiver capacidade, não tem nenhuma associação... juntar-se a alguma associação dos lesados?”. Ele ouviu e desejou-lhe felicidades para Belém. “Felicidades para você, amigo, que você é que bem precisa”, devolveu o professor, durante o aperto de mão e as palmadinhas nas costas.
O cliente do Banif que abordou #Marcelo conta à TVI24 o que lhe disseram um mês antes do colapso #campanhatvi24 pic.twitter.com/mjlbknUgbB
— Vanessa Cruz (@vanessasoucruz) 17 janeiro 2016
Horácio só pensa na filha licenciada com grandes notas, que não tem trabalho. E que ele não pode ajudar. À TVI24, explicou porque partilhou com o candidato presidencial o seu desespero. Respeita-o por ele “lembrar a lancheira com que se come” na sua campanha da marmita.
É por isto que o cliente do Banif, que diz que perdeu poupanças de uma vida, chora #campanhatvi24 #Marcelo pic.twitter.com/RRhjVp8Bjm
— Vanessa Cruz (@vanessasoucruz) 17 janeiro 2016
Há quem não tenha a coragem deste homem para abrir o livro perante as câmaras. E podem contar-se pelos dedos das mãos as histórias tristes contadas de viva voz, aos candidatos, nesta corrida a Belém. Mas são histórias, pessoas, que marcam inevitavelmente a campanha. Tal como os reformados pobres nos mercados da fruta.
Marcam, por mais que a campanha de Marcelo tenha quase sempre o lado A do disco a tocar.
No Cavaquistão: "Não me engripe, não me engripe!" #Marcelo #campanhatvi24 pic.twitter.com/kpnl8qIDro
— Vanessa Cruz (@vanessasoucruz) 16 janeiro 2016
"Isto é de perder a cabeça" "Canela? Canela é afrodisíaco", diz #Marcelo #campanhatvi24 pic.twitter.com/8c7Yll93gH
— Vanessa Cruz (@vanessasoucruz) 10 janeiro 2016
"Também estou aqui com uma quase hérnia, não me deixo operar. Um PR paralisado não pode ser" #Marcelo #campanhatvi24 pic.twitter.com/10BQJiEVt4
— Vanessa Cruz (@vanessasoucruz) 15 janeiro 2016
"Bata, bata. Até parece um candidato presidencial!". "Batia nalguns" #Marcelo #campanhatvi24 pic.twitter.com/pEk8vCknGi
— Vanessa Cruz (@vanessasoucruz) 14 janeiro 2016
"Fatura, sim, senão o ministro Centeno...herdeiro da drª Maria Luís..." #campanhatvi24 #Marcelo pic.twitter.com/vgmrqPeYyj
— Vanessa Cruz (@vanessasoucruz) 15 janeiro 2016
"Eu tomava já antibiótico!" #campanhatvi24 #Marcelo pic.twitter.com/t6kLpGLQP0
— Vanessa Cruz (@vanessasoucruz) 16 janeiro 2016
O sentido de humor de #Marcelo. Depois deste episódio, a piada: "É muito body" #campanhatvi24 pic.twitter.com/hSNJkuqx68
— Vanessa Cruz (@vanessasoucruz) 16 janeiro 2016
"Aí que me leva o pescoço. E está em cima do meu pé. O seu marido deve ser parecido comigo!" #Marcelo #campanhatvi24 pic.twitter.com/rS1nG0i09W
— Vanessa Cruz (@vanessasoucruz) 17 janeiro 2016
O álbum entrou em modo repeat nos discursos das sessões públicas a que Marcelo não quer chamar comícios. Tem começado sempre da mesma maneira, os temas quase sempre pela mesma ordem: a defesa do seu estilo de campanha, a importância da pátria, os poderes do presidente "árbitro" e, lá está, a necessidade de atirar para trás das costas o pessimismo. Uma mensagem de esperança numa campanha em que, insiste, “o afeto não é o verbo de encher”.
Tal como votar não é um verbo para esquecer. A uma semana das urnas fecharem, Marcelo defendeu que “o voto é um dever”. Apesar de reconhecer que “os portugueses estão cansados”. Como de resto se vê, se ouve, no lado B deste disco.