25 de Abril: "Valeu a pena, mas desejamos muito mais e muito melhor" - TVI

25 de Abril: "Valeu a pena, mas desejamos muito mais e muito melhor"

Marcelo Rebelo de Sousa, no discurso de encerramento da sessão solene comemorativa dos 45 anos do 25 de Abril, na Assembleia da República, afirmou que a Revolução dos Cravos "valeu a pena", mas é uma "obra inacabada" e, por essa razão, quer "muito mais e muito melhor"

A sessão solene do 25 de Abril na Assembleia da República, em Lisboa, começou às 10:02, após o hino nacional pela banda da GNR, com o Presidente da República a entrar de cravo vermelho na mão.

Marcelo Rebelo de Sousa, no discurso de encerramento da sessão solene comemorativa dos 45 anos do 25 de Abril, no Parlamento, recordou os tempos vividos no 25 de Abril, aclamando os jovens da época, como ele, de "jovens de 74" e relembrou aquilo que os unia e que os separava.

Lembro bem, lembramos bem, o que nos unia, a nós jovens, dos mais opostos pensamentos na alvorada da mudança. Unia-nos democracia, em vez de ditadura, liberdade, em vez de repressão, desenvolvimento integral e justiça social mais partilhada, em vez de desigualdade económica, discriminação social, taxas confrangedoras, mortalidade infantil, de escolaridade e de infraestruturas básicas, paz em África, em vez de empenhamento militar sem solução política. Isto nos unia", afirmou Marcelo. 

No entanto, defende que nenhum destes "jovens de 74" pode dizer que venceu tudo, mas pode dizer que venceu o mais importante "Portugal passou de ditadura para democracia". 

Em rigor, dos jovens de 74, nenhum pode dizer ter visto vencer tudo o que queria para o seu, e nosso, futuro. Mas olhando ao caminho trilhado, justo é convir que todos acabaram por ver muito do essencial do seu denominador comum atingido. Portugal passou de ditadura para democracia".

 

Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que o 25 de Abril "valeu a pena", mas é uma obra inacabada e, por essa razão, quer "muito mais e muito melhor".

Queremos mais, muito mais, da nossa democracia social e cultural. Melhor, muito melhor, da nossa democracia política e económica (...) esperamos mais, muito mais, da Europa e da comunidade dos países falantes em português, mas não cedemos a tentações, ou marginalizações serôdias, nem a xenofobias, nem a traumas pós coloniais, sejam quais forem os pretextos ou as seduções do momento".

 

Não vemos estes 45 anos como obra perfeita, como obra completa, acabada, que nos deixe deslumbrados, autocontemplativos, realizados, longe disso. Desejamos muito mais e muito melhor, mas reconhecemos que valeu a pena o passo fundador. Valeu a pena o 25 de Abril", acrescentou.

Pediu “mais ambição” para resolver os problemas do país e dos “jovens de 2019”, um programa quase impossível em que é preciso garantir a economia a crescer e o endividamento a diminuir.

Para o Presidente da República, é preciso “mais ambição no Portugal pós-colonial, mais ambição na democracia, mais ambição na demografia, mais ambição na coesão, mais ambição na era digital e mais ambição na antecipação do futuro do emprego e do trabalho".

Mais ambição na luta por um mundo sustentável”, concluiu.

Estes objetivos têm que ser conseguidos, afirmou, “com a economia a crescer, com dependência pelo endividamento a diminuir, sensatez financeira a salvaguardar, com acrescida justiça a repartir”.

Num discurso em que fez a pergunta e respondeu a si próprio, e sem nunca nomear diretamente o Governo, Marcelo Rebelo de Sousa admitiu que estes são objetivos difíceis.

Parece um programa impossível? Talvez, mas a História faz-se sempre de programas, ideais, de sonhos impossíveis”, afirmou.

Os “jovens de 2019 querem respostas inequívocas para algumas perguntas urgentes”, acrescentou.

O discurso do Presidente da República, que durou cerca de 20 minutos, recebeu uma forte e prolongada salva de palmas por parte dos deputados do PSD, do PS e do CDS-PP, enquanto PCP, BE e PEV optaram por ficar sentados, sem aplaudir.

Marcelo Rebelo de Sousa chegou às escadarias do Palácio de São Bento, em Lisboa, pelas 09:45, de gravata azul e sem cravo na lapela, ao contrário do presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, que o recebeu e ao lado de quem passou revista militar, exibindo a flor que deu batizou a revolução do 25 de Abril.

Pelo quarto ano consecutivo, o Chefe do Estado entrou para a cerimónia com o cravo na mão e não na lapela.

A sessão solene iniciou-se, como tradicionalmente, com "A Portuguesa" tocada pela banda da GNR, que minutos antes ocupava, com ensaios, a sala das conferências do parlamento, junto aos Passos Perdidos.

Dos ex-Presidentes da República, o único ausente foi Cavaco Silva, dado que Ramalho Eanes e Jorge Sampaio estiveram presentes nas galerias.

Antes de se iniciar a sessão solene, alguns deputados tiravam ‘selfies’ na sala do plenário decorada com cravos vermelhos, flor-símbolo da revolução de há 45 anos.

A deputada socialista Isabel Moreira foi uma das que aproveitou e tirou uma fotografia com o pai, Adriano Moreira, presente como convidado.

Depois de, na quarta-feira, terem trocado críticas sobre os salários dos juízes, os líderes do PSD e do CDS-PP cumprimentaram-se e conversaram alguns minutos, pouco antes do arranque da sessão.

Rui Rio e Assunção Cristas não usaram a flor do 25 de Abril, mas a líder centrista estava vestida de vermelho.

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