Ciclone Idai: Portugal quer ajudar Moçambique - TVI

Ciclone Idai: Portugal quer ajudar Moçambique

  • CE
  • 19 mar 2019, 08:05

Marcelo Rebelo de Sousa já tinha enviado uma mensagem ao seu homólogo, na última sexta-feira, na qual expressou condolências pelas “trágicas consequências”

Portugal está disponível para ajudar Moçambique na sequência da passagem do ciclone Idai na cidade da Beira que causou, até ao momento, dezenas de mortos, segundo uma nota da Presidência da República portuguesa.

Portugal procurará contribuir ao esforço de ajuda e reconstrução, quer diretamente, quer através da União Europeia e das Nações Unidas, exprimindo ao Povo irmão moçambicano e a todos quantos, em particular portugueses, foram afetados por esta grande tragédia”, refere o Presidente da República.

Marcelo Rebelo de Sousa adianta na nota publicada no site da Presidência ter falado com o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, para se inteirar de “mais detalhes sobre os efeitos do ciclone no centro de Moçambique e particularmente na cidade da Beira, com um balanço bem mais trágico e dramático do que inicialmente estimado, quer em enormes perdas de vidas humanas e de feridos, quer em destruições e perdas de bens”.

O chefe de Estado português já tinha enviado uma mensagem ao seu homólogo na passada sexta-feira na qual expressou condolências pelas “trágicas consequências” da passagem do ciclone.

O Presidente da República expressou, em nome do povo português e no seu próprio, sentidas condolências pelas trágicas consequências resultantes das violentas calamidades naturais que afetaram as regiões do Centro e do Norte de Moçambique”, refere a mensagem.

Na segunda-feira, o Governo português divulgou que “até agora não há registo de cidadãos portugueses mortos, feridos ou em situação de perigo” devido à passagem do ciclone Idai em Moçambique, mas “várias dezenas perderam casas e bens”.

A passagem do ciclone Idai em Moçambique, Maláui e Zimbabué provocou pelo menos 222 mortos, segundo balanços provisórios divulgados pelos respetivos governos na segunda-feira.

Mais de 1,5 milhões de pessoas foram afetadas pela tempestade naqueles três países africanos.

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, disse que o ciclone poderá ter provocado mais de mil mortos em Moçambique, estando confirmados atualmente 84.

Estimativas iniciais do Governo de Moçambique apontam para 600 mil pessoas afetadas, incluindo 260 mil crianças.

O ciclone, com fortes chuvas e ventos de até 170 quilómetros por hora atingiu a Beira, a quarta maior cidade de Moçambique, na quinta-feira à noite, deixando os cerca de 500 mil residentes sem energia e linhas de comunicação.

No Maláui, as estimativas do Governo apontam para que tenham sido afetadas mais de 920 mil pessoas nos 14 distritos afetados, incluindo 460 mil crianças. Há registos de pelo menos 56 mortos e 577 feridos.

No Zimbabué, a avaliação das autoridades apontava para cerca de 1.600 casas e oito mil pessoas afetadas no distrito de Chimanimani, em Manicaland, com registos de 82 mortes e 217 pessoas desaparecidas.

Portugal faz levantamento de apoio em várias áreas

Portugal está a realizar um levantamento das capacidades de apoio a Moçambique, após a passagem do ciclone Idai, disse esta terça-feira o ministro dos Negócios Estrangeiros, afirmando que o país estará "na linha da frente do apoio internacional" àquele país africano.

Estamos a fazer este levamento de capacidades nossas para que, logo que o Governo moçambicano peça apoio, ele poder ser imediatamente prestado por Portugal”, declarou Augusto Santos Silva aos jornalistas, no final da reunião da Concertação Social, que abordou nomeadamente a questão da saída do Reino Unido da União Europeia ('Brexit').

Santos Silva referiu que a sociedade civil também já se mobilizou para ajudar os moçambicanos, tendo já “apoios humanitários, financeiros e humanos” disponíveis.

Depois, temos os planos de reconstrução, para os quais ainda temos tempo, mas que também é importante. Portugal estará na linha da frente do apoio internacional humanitário e técnico a Moçambique nesta hora muito difícil”, declarou ainda.

O ministro também referiu que não há registo, até ao momento, “de perdas de vida ou feridos entre os mais de 2.000 portugueses que vivem na cidade da Beira e na sua zona envolvente”.

Não temos registo também de que haja portugueses entre aqueles, que ainda são bastantes, que se encontram numa situação de perigo de vida porque estão em zonas de muito perigo”, indicou.

 

Infelizmente, temos registo de várias dezenas de portugueses que perderam as suas casas e os seus bens e que estão agora em soluções de emergência e que são apoiados por nós”, sublinhou ainda.

Santos Silva disse que uma equipa avançada da embaixada em Maputo, que está a trabalhar como o consulado na Beira, “fez um primeiro levantamento da situação da situação dos portugueses, quer do ponto de vista pessoal, quer do ponto de vista dos seus bens”.

O ministro lembrou que o secretário de Estado das Comunidades, José Luís Carneiro, parte esta terça-feira para Moçambique “para assistir no terreno à resposta da parte dos nossos serviços consulares e apoio à comunidade”.

José Luís Carneiro ficou encarregado pelo Governo português de avaliar com as autoridades moçambicanas quais são as primeiras necessidades a serem supridas.

Santos Silva também disse que a autoridades portuguesas estão a realizar um trabalho exaustivo junto da comunidade, entrando em contacto com os portugueses e "varrendo" uma série de hospitais e outras instituições para verificar se há vítimas nacionais.

Há dezenas de mortos confirmados, há muitos milhares de pessoas em situação difícil e a dimensão da catástrofe é brutal. Infelizmente, as previsões meteorológicas não são positivas e, portanto, pode haver mais inundações naquela área”, lamentou o ministro.

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