Embate na economia "pode durar uns anos" e não basta "tapar buracos" - TVI

Embate na economia "pode durar uns anos" e não basta "tapar buracos"

  • CE
  • 6 abr 2020, 23:31
Marcelo Rebelo de Sousa

Na ótica de Marcelo Rebelo de Sousa, para se "ir vencendo" o embate da pandemia de Covid-19 na economia e na sociedade é preciso "pensar no futuro a prazo"

O Presidente da República advertiu esta segunda-feira que o embate da pandemia de Covid-19 na economia e na sociedade "pode durar uns anos" e defendeu que "tem de se pensar a prazo" e não apenas "tapar buracos".

Num depoimento transmitido no início do programa "Prós e Contras", na RTP1, Marcelo Rebelo de Sousa considerou que no plano político existe agora "convergência no essencial", mas que mais tarde "diferentes serão, naturalmente, os caminhos propostos - como já são hoje - para enfrentar os efeitos económicos e sociais da pandemia".

No seu entender, os portugueses estão unidos e mostram coragem e empenho em "vencer o surto atual até ao verão e, se reaparecer mais esbatido no próximo inverno, até à primavera", e em "ir aguentando a economia e a sociedade".

E ir vencendo depois o embate na sociedade e na economia, que pode durar uns anos, mas que não podem ser nem intermináveis e que não devem ser só tapar buracos, tem de ser pensar no futuro a prazo", completou.

Segundo o chefe de Estado, "à medida que o sufoco sanitário passa", o que disse esperar que aconteça durante este mês, "importa que economia e sociedade se normalizem", com a consciência de que "vai ser um arranque lento, desigual e difícil".

Neste contexto, deixou um alerta: "Há apoios diretos e financiamentos que não podem esperar meses pelo fim da crise sanitária, são os apoios mais urgentes dos urgentes".

Depois desses apoios é preciso investimento público e investimento privado, com o contributo europeu, com o contributo nacional, estatal e da banca, e dos empresários", acrescentou.

Temos resistido e bem a criar guetos de grupos vulneráveis

Marcelo Rebelo de Sousa condenou a ideia de se isolar idosos e doentes mais vulneráveis à Covid-19, deixando o resto da sociedade levar uma vida normal, considerando que Portugal tem resistido, e bem, a essa posição.

É que se pensássemos assim estaríamos a criar guetos, no fundo, xenofobias involuntárias. E é irrealista. Os idosos de que falamos são quase um terço da nossa população. E se somarmos os doentes mais vulneráveis estamos perto de 40%", afirmou.

Acrescentou que "não há como uma democracia, que respeita a pessoa, marginalizar 30% ou 40% da comunidade".

Nós temos resistido, e resistido bem, a pensar e sentir que podíamos fechar apenas protegendo os idosos e doentes mais vulneráveis, deixando o resto da sociedade levar uma vida normal, como se a crise lhe não respeitasse, e tudo seria tudo mais fácil e certo - não seria, como não seria se o grupo de risco fossem só as crianças ou só os jovens", considerou.

Marcelo Rebelo de Sousa referiu ainda, a este propósito, que Portugal é "dos quatro ou cinco países mais envelhecidos da Europa, e dos países da Europa com mais emigrantes na Europa, dos mais abertos à circulação de pessoas e mesmo ao turismo".

Segundo o Presidente da República, todos percebem que "não se trata de um combate por um grupo de risco, pelos idosos ou pelos doentes com certas vulnerabilidades, mas por toda a sociedade".

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