Marcelo agradece e evoca Eduardo Lourenço, "figura essencial do Portugal que vivemos" - TVI

Marcelo agradece e evoca Eduardo Lourenço, "figura essencial do Portugal que vivemos"

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  • 1 dez 2020, 10:23

Presidente agradeceu e homenageou o conselheiro de Estado. Primeiro-ministro recorda "um amigo" com quem aprendeu muito

Marcelo Rebelo de Sousa lamentou, em nota publicada no site da Presidência da República, a morte do ensaísta Eduardo Lourenço, esta terça-feira em Lisboa. O Presidente agradeceu ao conselheiro de Estado, que considerou "o nosso mais importante ensaísta e crítico, o nosso mais destacado intelectual público". 

Tendo vivido durante décadas em França, e sendo estruturalmente francófilo, poucos foram os «estrangeirados» tão obsessivos na sua relação com os temas portugueses, com a cultura, identidade e mitologias portuguesas, com todos os seus bloqueios, mudanças e impasses", refere Marcelo.

"Nunca esteve, por isso, alheado dos debates do nosso tempo, nem das vicissitudes da política. Devemos-lhe algumas das leituras mais decisivas de Pessoa, que marcam um antes e um depois, e um envolvimento, muitas vezes heterodoxo, nas questões religiosas, filosóficas e ideológicas contemporâneas, do existencialismo ao cristianismo conciliar e à Revolução. Ninguém entre nós pensou a Europa e Portugal em conjunto, sem excepcionalismos nem deslumbramentos, numa linha de fidelidade ao humanismo crítico de um dos seus mestres, Montaigne", sublinha o Presidente.

"E entre todos os intelectuais portugueses da sua envergadura, nenhum outro foi tão alheio à altivez, à auto-satisfação, ao desdém intelectual, ao desinteresse pelas gerações seguintes. Vencedor de diversos prémios, incluindo o Pessoa e o Camões, distinguido por quatro vezes com ordens nacionais, e também reconhecido no estrangeiro, o Prof. Eduardo Lourenço deu-me a honra de integrar o Conselho de Estado. Aos seus familiares apresento as minhas sentidas condolências pela perda deste amigo, deste sábio, desta figura essencial do Portugal que vivemos", termina Marcelo Rebelo de Sousa. 

Primeiro-ministro recorda “camarada” com quem aprendeu muito

O primeiro-ministro, António Costa, lamentou a morte do ensaísta Eduardo Lourenço, recordando um amigo e camarada com quem aprendeu muito.

É, para mim em particular, um momento de grande tristeza. Trata-se de um amigo, um camarada, de alguém com quem tive a oportunidade de privar, de aprender muito, e que nos deixa", afirmou António Costa, que falava aos jornalistas à margem das comemorações do 1.º de Dezembro, em Lisboa.

O primeiro-ministro realçou que este momento é também "um convite a conhecer a obra" de Eduardo Lourenço e de prosseguir a reflexão que o ensaísta deixa.

Seguramente seria a sua vontade", acrescentou.

António Costa sublinhou ainda a importância de Eduardo Lourenço na reflexão sobre "os fatores da intemporalidade nacional", destacando o livro "Labirinto da Saudade", "seguramente um dos mais notáveis ensaios da ensaística portuguesa".

Também a ministra da Cultura, Graça Fonseca, lamentou hoje a morte do ensaísta Eduardo Lourenço, que classificou de “uma das mentes mais brilhantes deste país”.

Não posso deixar de lamentar profundamente a morte de Eduardo Lourenço, uma das mentes mais brilhantes deste país”, disse Graça Fonseca, numa mensagem enviada à agência Lusa.

 

A ministra acrescentou que “Eduardo Lourenço foi um pensador, arguto e sensível como poucos, e incansável combatente do caos dos dias”, replicando a mensagem no Twitter.

Ferro enaltece quem melhor refletiu identidade nacional

O presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, manifestou “grande consternação” com a morte do ensaísta Eduardo Lourenço, considerando que foi “quem melhor refletiu a identidade nacional” e “sobre o que é ser português”.

Recebo, com grande consternação, a notícia do falecimento de Eduardo Lourenço, aos 97 anos. Eduardo Lourenço foi, sem dúvida, quem melhor refletiu a identidade nacional, sobre o que é ser português, sobre o que nos diferencia enquanto cidadãos e enquanto povo à escala universal”, refere Ferro Rodrigues, numa nota enviada à agência Lusa.

Na perspetiva do presidente da Assembleia da República, o ensaísta e filósofo “deixa um legado que vai muito além da vasta obra publicada, traduzindo-se na intervenção de toda uma vida nas áreas da educação, da cultura e da cidadania, justamente reconhecida por inúmeros prémios e condecorações”.

Ferro Rodrigues destaca o seu ingresso de Eduardo Lourenço, “de forma tão simbólica”, no Conselho de Estado, por indicação do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, em 2016.

Portugal perde hoje o Professor e filósofo, o crítico e ensaísta; a Lusofonia uma das suas maiores referências intelectuais. À sua Família e Amigos endereço, em meu nome e no da Assembleia da República, as mais sentidas condolências”, lamenta Ferro Rodrigues.

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