Marcelo considera manifestações “legítimas” mas pede que não haja violência - TVI

Marcelo considera manifestações “legítimas” mas pede que não haja violência

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  • BC - Notícia atualizada às 17:34
  • 14 nov 2020, 14:43

O chefe de Estado sublinhou que a pandemia “é em si mesmo uma violência”. Marcelo isse ainda que a Igreja Católica tem sido “verdadeiramente exemplar” perante a pandemia da covid-19, ao abdicar da realização de celebrações relevantes, como o 13 de maio

O Presidente da República considerou hoje, em Fátima, as manifestações “legítimas”, mas apelou às pessoas que protestem sem violência, para não agravar a situação existente provocada pela pandemia da covid-19.

A manifestação é legítima e é uma expressão em democracia do estado de espírito dos portugueses. É uma chamada de atenção de quem tem de decidir e a necessidade de ir olhando para situações que em muitos casos se agravam com o correr do tempo. Aquilo que podemos pedir é que essas manifestações sejam feitas sem haver violência, que é indesejável para o todo social”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, à saída da missa no Santuário de Fátima em homenagem às vítimas da covid-19.

O chefe de Estado sublinhou que a pandemia “é em si mesmo uma violência”, a crise económica e social também “é em si mesmo uma violência”.

Não podemos ter nem crises políticas nem situações de tensão levadas à violência, porque dissolvem o tecido económico e social, o relacionamento entre as pessoas e precisamos dessa solidariedade”, acrescentou.

Marcelo Rebelo Sousa lembrou que quando decretou o estado de emergência avisou que ia haver "cansaço e fadiga”. “Na altura não parecia evidente, mas passados oito meses, qualquer dia nove meses, essa fadiga existe”, tal como “cansaço e frustração”.

Muitos estão desempregados, outros em situação de ‘lay-off’ e estão nessa situação há oito meses. Era o caso de alguns manifestantes de ontem. Outros que estão a braços com desgostos familiares, a perda de entes queridos, o não poderem acompanhar nessa perda e terem doentes nas famílias. Hoje praticamente não há nenhuma família que não tenha direta ou indiretamente, de forma próxima, alguém que convive com a covid-19 ou que sofre de outras patologias, cujo tratamento é sacrificado por causa da pandemia”, afirmou ainda Marcelo Rebelo de Sousa.

Por isso, o Presidente da República entende que “ninguém está feliz nem satisfeito”.

Está sofredor e a mostrar-se indignado, em muitos casos, não resignado”, acrescentou.

Confrontado com a possibilidade de as manifestações se generalizarem, tendo em conta o estado de saturação das pessoas, Marcelo Rebelo de Sousa considerou que “o mais importante é a reação das pessoas”.

A pior coisa que poderíamos ter na sociedade portuguesa era [confronto] entre os que querem a abertura rápida da economia e da sociedade e os que têm medo que essa abertura sacrifique a vida e a saúde”, constatou.

Para Marcelo Rebelo de Sousa, “se começamos a ter uma divisão entre esses grupos, e porventura mostram os inquéritos de opinião, o grupo que defende a vida e a saúde, sobretudo nos grupos de risco, é muito elevado, encontramos uma clivagem que pode ser por idades e por situação social”.

Temos de evitar isto. Manifestação sim, que haja a preocupação de encontrar soluções para os problemas sim, que entremos numa espiral de violência só agrava o confronto entre portugueses e só agrava aquilo que [já] é uma violência, que é a pandemia e a crise económica e social, isso devemos evitar”, insistiu.

 

Igreja Católica tem sido “verdadeiramente exemplar”

O Presidente da República considerou que a Igreja Católica tem sido “verdadeiramente exemplar” perante a pandemia da covid-19, abdicando de realização de celebrações relevantes, como o 13 de maio.

Queria assinalar e agradecer à Igreja Católica, que tem sabido interpretar os valores da vida e da saúde, que são valores essenciais para o cristianismo e, nessa medida, tem sido exemplar nas celebrações, todas elas aqui em Fátima”.

O chefe de Estado exemplificou com a decisão que a igreja “tomou ao abdicar da celebração do 13 de maio” e a “forma como foi assinalado e celebrado o 13 de outubro”.

Foram esforços muito grandes. Ainda agora, falando com o presidente da Conferência Episcopal [disse] o que tem feito a Igreja Católica é verdadeiramente exemplar de serviço, de valores fundamentais, mas também de serviço da comunidade portuguesa”.

Para o Presidente da República, a cerimónia de homenagem “é muito simbólica”.

Quiseram todos os bispos, em conjunto, evocar os mortos, quer os diretamente da covid-19, quer os mortos de doenças não covid-19, neste período doloroso que temos estado a atravessar”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa no final da celebração religiosa.

Durante a homília, José Ornelas Carvalho afirmou que a celebração em memória das vítimas diretas e indiretas da pandemia é “reconhecê-las não apenas como números de uma estatística, mas como criaturas amadas de Deus”.

A eucaristia evocou ainda famílias, profissionais da saúde, investigadores e cuidadores, por toda a sua “dedicação, esforço, inteligência e abnegação”.

Se aprendermos desta epidemia a cuidar uns dos outros e juntos deste mundo, teremos feito justiça e boa memória dos que partiram e dos esforços de quantos os acompanharam na última etapa da vida nesta terra”, acrescentou o também bispo de Setúbal.

A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.305.039 mortos resultantes de mais de 53,4 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 3.305 pessoas dos 211.266 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

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