Marcelo diz que guerra contra terrorismo vence-se no plano cultural - TVI

Marcelo diz que guerra contra terrorismo vence-se no plano cultural

  • 26 ago 2017, 20:38

Presidente da República defende que além da segurança, vence-se o extremismo "com a afirmação dos nossos valores". Em Vilar Formoso, concelho de Almeida, esteve num museu dedicado aos refugiados e ao cônsul Aristides de Sousa Mendes

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, disse esperar que a manifestação contra o terrorismo, que decorreu em Barcelona, Espanha, tenha sido "esmagadora", adiantando acreditar que a luta contra o terrorismo se vence no plano cultural.

Espero que seja uma manifestação esmagadora, porque é uma manifestação pela paz, pela concórdia, pela justiça, pela dignidade da pessoa humana, pelos direitos das pessoas. E, portanto, contra tudo aquilo, em particular o terrorismo, que destrói esses valores", declarou o Presidente da República.

O chefe de Estado falava aos jornalistas em Vilar Formoso, Almeida, no distrito da Guarda, à margem da inauguração do Polo Museológico "Vilar Formoso Fronteira da Paz - Memorial aos Refugiados e ao Cônsul Aristides de Sousa Mendes", construído junto da estação de caminho-de-ferro de Vilar Formoso.

O Presidente da República disse, ainda, que é "um defensor de que se ganha essa guerra [contra o terrorismo] no plano cultural".

A segurança é muito importante, mas não se ganha só com a segurança, ganha-se com a afirmação dos nossos valores e a manifestação de hoje é uma forma de afirmação dos nossos valores. E nós não nos podemos demitir da afirmação dos nossos valores", concluiu Marcelo Rebelo de Sousa.

Milhares de pessoas encheram o centro de Barcelona em manifestação contra o terrorismo, após os ataques do dia 17, sob o lema "Eu não tenho medo", com a presença do Rei de Espanha e do chefe de Governo espanhol.

"Dignidade triunfará"

O chefe de Estado presidiu este sábado à cerimónia de inauguração do Polo Museológico "Vilar Formoso Fronteira da Paz - Memorial aos Refugiados e ao Cônsul Aristides de Sousa Mendes", construído junto da estação de caminho-de-ferro de Vilar Formoso.

É um museu que é uma chamada de atenção constante para que não nos esqueçamos, não nos resignemos, não nos demitamos da nossa luta por valores fundamentais da pessoa humana. Foi com Aristides de Sousa Mendes. Tem de ser com muitos, muitos mais hoje e no futuro. É a lição deste museu ", afirmou.

Disse que, por isso, o Presidente da República estava em Vilar Formoso "para agradecer a Almeida, para agradecer a Vilar Formoso, para agradecer àquelas e àqueles que puseram de pé este projeto, o significado, o simbolismo deste projeto".

Não nos podemos esquecer, não nos vamos esquecer. A dignidade da pessoa humana triunfará", concluiu Marcelo Rebelo de Sousa no seu discurso, proferido no exterior do edifício e escutado, entre outros, por antigos refugiados e seus familiares e familiares de Aristides de Sousa Mendes.

Salvação de judeus

Entre os dias 17 e 19 de junho de 1940, Aristides de Sousa Mendes, cônsul de Portugal em Bordéus, assinou 30 mil vistos para salvar pessoas do holocausto nazi, contrariando as ordens do Governo de Salazar, situação que o levaria à expulsão da carreira diplomática. Muitos desses refugiados entraram em Portugal pela fronteira de Vilar Formoso.

Na sua alocução, o chefe de Estado aludiu ainda aos atentados contra vidas e contra os direitos das pessoas, alertando que "há o risco de consideramos isso habitual, de considerarmos normal o desrespeito da dignidade das pessoas, de banalizarmos esse horror".

E, pouco a pouco, há o risco de ficarmos insensíveis, ou seja, desumanos. E não podemos ficar desumanos. A nossa luta deve ser pela dignidade da pessoa humana. A nossa luta deve ser pelos direitos das pessoas de carne e osso. A nossa luta deve ser pela paz e pela concórdia e pela aceitação do outro. A nossa luta deve ser pela solidariedade", afirmou.

O Presidente da República admitiu que "é uma luta difícil", porque "os meios do terror são cada vez mais sofisticados, porque os atentados contra pessoas são cada vez mais numerosos".

Mas, por isso a nossa capacidade de esperar e de lutar tem de ser também maior", declarou.

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