Marcelo encontrou-se meia hora com Papa Francisco - TVI

Marcelo encontrou-se meia hora com Papa Francisco

Presidente da República Portuguesa foi recebido em audiência no Vaticano

O Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, foi recebido esta quinta-feira pelo Papa Francisco numa audiência que durou cerca de meia hora, após a qual os dois chefes de Estado trocaram presentes.

Cerca das 10:06, Marcelo Rebelo de Sousa e o Papa Francisco encontraram-se, com o chefe da Igreja Católica a dar as boas vindas ao homólogo português, entrando ambos de seguida para o gabinete do Papa, onde se sentaram à secretária.

Esse encontro terminou às 10:32, momento a partir do qual os jornalistas puderam entrar e testemunhar os cumprimentos do Papa Francisco à restante comitiva do chefe de Estado português.

A terminar, o Presidente da República ofereceu ao Papa um conjunto de seis casulas, desenhado pelo arquiteto português Álvaro Siza Vieira. São paramentos religiosos de cores diferentes, adequados aos diferentes tempos litúrgicos, em verde, roxo, azul, vermelho, branco e rosa.

Marcelo Rebelo de Sousa ofereceu ainda, proveniente da sua coleção particular, um registo de Santo António.

O Papa ofereceu os presentes reservados aos chefes de Estado, que consistiram, neste caso, em versões portuguesas da encíclica "Louvado sejas" e a exortação apostólica "Alegria do Evangelho", os dois grandes documentos do pontificado de Francisco.

O Sumo Pontífice ofereceu igualmente a Marcelo Rebelo de Sousa um medalhão do seu pontificado, que tem dois ramos de oliveira entrelaçados.

Falando em espanhol, o chefe da Igreja Católica explicou que a oliveira é o sinal da paz e a missão dos políticos é construir a paz.

Após a audiência papal, Marcelo Rebelo de Sousa foi recebido pelo cardeal Secretário de Estado do Vaticano, equivalente a um primeiro-ministro, Pietro Parolin.

O Presidente da República chegou ao Vaticano antes das 10:00, tendo sido recebido pela guarda suíça no pátio interior. Marcelo Rebelo de Sousa subiu depois ao terceiro andar, num percurso em que passou por diversos tetos com frescos do pintor renascentista Rafael.

Marcelo Rebelo de Sousa levava um convite formal para entregar ao Papa Francisco para que visite Portugal por ocasião do centenário das aparições de Fátima, em 2017.

"Eu trago comigo uma carta formal em nome da República Portuguesa a convidar sua santidade a visitar Portugal, a propósito do centenário das aparições de Fátima [em 2017] e espero encontrar no papa Francisco um acolhimento a este convite", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas na quarta-feira, em Roma.

Marcelo ficou feliz com resposta do papa Francisco a convite para visitar Portugal

O Presidente da República manifestou-se feliz com a resposta dada pelo papa Francisco ao convite para visitar Portugal em 2017 por ocasião do centenário das aparições de Fátima, sem revelar o que disse concretamente.

"Eu não estou neste momento autorizado a poder dizer publicamente qual a posição do Santo Padre. Nós sabemos que recebe muitos convites. Não estou autorizado a dizer publicamente, o máximo que eu posso dizer é que saí muito feliz da audiência", revelou Marcelo Rebelo de Sousa numa conferência de imprensa na residência da embaixada portuguesa junto da Santa Sé.

Após a audiência com o Papa, o chefe de Estado português encontrou-se com o secretário de Estado do Vaticano, Pietro Parolin, cargo equivalente a primeiro-ministro, que confirmou a sua presença em Fátima nos dias 12 e 13 de outubro deste ano.

Ao Papa Francisco, Marcelo entregou um "convite formal do Estado português para a visita em 2017 a Portugal por ocasião do centenário das aparições de Fátima".

"Não posso acrescentar nada quanto à posição do santo padre quanto ao convite, mas posso dizer o meu estado de espírito, isso posso. E o meu estado de espírito é de quem saiu muito feliz da audiência", disse o Presidente perante a insistência dos jornalistas.

Questionado se a natureza do convite é para que a visita decorra não só em Fátima mas também em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa respondeu: "O convite é para uma visita a Portugal, ponto final parágrafo, não entra em pormenores".

Em 2013, o então Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, já havia convidado o Papa Francisco a visitar Portugal em 2017.

Governo disponível para colaborar na visita do Papa a Fátima em 2017 

O Governo português mostrou-se esta quinta-feira disponível para colaborar com a Presidência da República numa eventual visita do Papa Francisco a Fátima em 2017 por ocasião do centenário das aparições de Fátima.

O Executivo, através da ministra da Presidência e Modernização Administrativa, Maria Manuel Leitão Marques, sublinhou a disponibilidade para trabalhar em articulação com Belém para uma possível vinda de Francisco a Portugal em 2017.

"Se o Papa Francisco estiver disponível para visitar Portugal", declarou a ministra Maria Manuel Leitão Marques, o Executivo, nas suas "competências", está disponível para colaborar com a Presidência no articular dessa visita, tal como sucede com a vinda de outros chefes de Estado.

A governante não comentou a escolha do Vaticano como primeira visita oficial de Marcelo Rebelo de Sousa, declarando que o Governo não tem de se pronunciar "sobre as decisões do Presidente da República em matéria de programação".

"É uma escolha pessoal, política e ponderada" de Marcelo, continuou a ministra.

 

Ficou patente "o apreço" que o Papa tem "por Portugal e pelos portugueses"

O Presidente da República afirmou esta quinta-feira que a audiência com o papa Francisco foi "muito impressiva", ficando "muito patente" o apreço que tem por Portugal e pelos portugueses, que conhece desde criança, no seu bairro de Buenos Aires.

Muito impressiva foi a audiência com o Santo Padre, porque ficou muito, muito patente o modo como acompanha o que se passa em Portugal e o apreço que tem por Portugal e pelos portugueses. Considerei isso muito significativo", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, numa conferência de imprensa na residência da embaixada de Portugal junto da Santa Sé.

A audiência, a sós, decorreu durante cerca de meia hora esta manhã, iniciando-se pelas 10:07 (11:07 em Lisboa). Após o encontro com o papa Francisco, o Presidente da República português encontrou-se ainda com Pietro Parolin, o secretário de Estado do Vaticano, cargo equivalente ao de primeiro-ministro.

Marcelo Rebelo de Sousa fez ainda uma breve visita à Basílica de São Pedro, ajoelhando-se junto ao túmulo do papa João Paulo II.

Aos jornalistas, numa conferência de imprensa na residência da Embaixada de Portugal junto da Santa Sé, o Presidente da República sublinhou que "o papa Francisco referiu-se a Portugal e aos portugueses com muito, muito apreço".

Recordou que na sua infância lidou de muito perto com portugueses. A família vivia numa área onde havia muitos portugueses e desde muito cedo conheceu os portugueses emigrantes na Argentina, os portugueses povo trabalhador, humilde, sério, fraternal e solidário", contou.

Segundo o chefe de Estado português, o papa Francisco "percebe a vocação universal dos portugueses".

Não é um fenómeno que seja preciso explicar-lhe, percebe", frisou Marcelo, sempre insistindo que Francisco se referiu a Portugal de um modo "quase carinhoso".

O papa Francisco conversou em castelhano, enquanto Marcelo Rebelo de Sousa se exprimiu, de acordo com a sua própria definição, num "português em transição para o espanhol".

Na troca de presentes, o Presidente português ofereceu ao papa um conjunto de paramentos desenhados pelo arquiteto português Álvaro Siza Vieira, e ainda um registo de Santo António, "talvez um dos mais bonitos" da sua coleção pessoal.

O papa ofereceu a Marcelo Rebelo de Sousa versões portuguesas da encíclica "Louvado sejas" e da exortação apostólica "Alegria do Evangelho", os dois grandes documentos do pontificado de Francisco, bem como um medalhão com dois ramos de oliveira entrelaçados.

A Lusa testemunhou que o chefe da Igreja Católica explicou que a oliveira é o sinal da paz e que a missão dos governantes é construir a paz.

Isso é um tema muito atual hoje na União Europeia por causa dos refugiados. Não deixa de ser uma coincidência, mas é uma coincidência o realizar-se hoje a cimeira europeia para tratar desse tema. É um tema muito atual, como é que a União Europeia, fiel aos seus valores e princípios, vai lidar com o fenómeno dos refugiados", acrescentou.

O Presidente afirmou que hoje lembrou "que Portugal tem sido exemplar" na questão dos refugiados: "Portugal em termos proporcionais tem sido o primeiro país da Europa a acolher refugiados e em termos de valores absolutos é o terceiro".

Da parte de Portugal houve desde sempre e é uma posição do Estado português - não é do Governo, do parlamento ou do Presidente da República-, é de todos os órgãos de soberania, uma sensibilidade para acolher aqueles que estão em condições que todos os dias vemos e que são dramáticas e nelas estão há longos meses, fruto de uma guerra que não termina", declarou.

Marcelo Rebelo de Sousa reiterou que a sua primeira visita enquanto Presidente da República, oito dias depois de tomar posse, foi ao Vaticano porque esta foi a primeira entidade a reconhecer a independência de Portugal e a legitimidade do soberano, o rei D. Afonso Henriques.

Volvidos mais de oito séculos, há aqui um reafirmar de um relacionamento entre, de um lado, a Santa Sé e, de outro, Portugal", sublinhou.

Marcelo Rebelo de Sousa seguiu para Madrid, onde se encontrará ainda esta quinta-feira com os reis de Espanha.

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