Marcelo reitera apoio à reforma da ONU com Brasil e Índia no Conselho de Segurança - TVI

Marcelo reitera apoio à reforma da ONU com Brasil e Índia no Conselho de Segurança

  • MM
  • 24 set 2019, 23:17

Presidente da República discursou, esta terça-feira, no debate geral da 74.ª sessão da Assembleia Geral da ONU, em Nova Iorque

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, reiterou, esta terça-feira, o apoio de Portugal a uma reforma da Organização das Nações Unidas (ONU), com o Brasil, Índia e um país africano no Conselho de Segurança.

No início do seu discurso no debate geral da 74.ª sessão da Assembleia Geral da ONU, em Nova Iorque, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que "Portugal saúda e reafirma o seu apoio a todas as prioridades que tem prosseguido o secretário-geral António Guterres no seu difícil, mas lúcido, dinâmico e determinado mandato" à frente desta organização, iniciado em 01 de janeiro de 2017.

Essas prioridades incluem "um multilateralismo efetivo, assente no direito internacional e na Carta das Nações Unidas, e o seu alargamento normativo a novas realidades globais, como o ambiente e as alterações climáticas, os oceanos", referiu, "e também a reforma do sistema das Nações Unidas".

O chefe de Estado assinalou que Portugal "pratica o pagamento atempado e integral das contribuições obrigatórias" enquanto Estado-membro da ONU e "considera importante a reforma iniciada na gestão, no sistema de desenvolvimento e na arquitetura de paz e segurança das Nações Unidas.

Marcelo Rebelo de Sousa acrescentou que Portugal "continua a considerar importante o reajustamento do Conselho de Segurança envolvendo, pelo menos, a presença africana, do Brasil e da Índia".

Por outro lado, o Presidente da República salientou a participação portuguesa em operações de manutenção de paz e repetiu a mensagem a favor da "resolução da moratória sobre a pena de morte" que já tinha deixado no ano passado perante a Assembleia Geral das Nações Unidas.

Marcelo Rebelo de Sousa defendeu ainda que o acordo entre a União Europeia (UE) e o Mercosul deve "ir a par com a sensibilidade de todos a desafios ambientais".

O chefe de Estado abordou este tema de passagem, no seu discurso no debate geral da 74.ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque, quando falava de "sinais positivos" no quadro global.

"É favorável o acordo entre a UE e o Mercosul, que se deseja possa ir a par com a sensibilidade de todos relativamente a desafios ambientais", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.

O acordo de livre comércio entre a UE e o Mercado Comum do Sul (Mercosul), de que fazem parte o Brasil, a Argentina, o Uruguai e o Paraguai, foi fechado em 28 de junho, após 20 anos de negociações.

O Presidente português avisou também que se deve aprender com o fracasso da Liga das Nações, que não evitou a II Guerra Mundial, e que "ninguém é uma ilha", pedindo apoio à Organização das Nações Unidas (ONU).

Perante a Assembleia Geral da ONU, em Nova Iorque, Marcelo Rebelo de Sousa lembrou o afastamento dos Estados Unidos da América e a entrada tardia da União Soviética para a Liga das Nações, de que aquela organização "nunca recuperou", vendo crescer "lideranças hipernacionalistas, xenófobas isolacionistas e unilateralistas".

"Sabemos onde foi parar o mundo, porque há precisamente 80 anos começava a II Guerra Mundial. O que era a promessa de há cem anos convertia-se numa hecatombe, 20 anos após. Vale a pena parar m minuto para retirar as lições desse passado ainda próximo, agora que estamos a entrar nos 75 anos de vida das Nações Unidas", afirmou.

Marcelo Rebelo de Sousa, que falou em português, reforçou esta mensagem no final da sua intervenção neste debate geral da 74.ª Assembleia Geral da ONU, em inglês: "Só aqueles que não conhecem a História e, por isso, não se importam de repetir os erros do passado, minimizam ou relativizam o papel das Nações Unidas".

"Nesta sala, felizmente, somos todos patriotas. Porque amamos as nossas terras, e desejamos. E o melhor não é ignorar o mundo em que vivemos, e em que dependemos. Nós, patriotas, nós sabemos que precisamos de mais, e não de menos, Nações Unidas", acrescentou.

O chefe de Estado português falou de patriotismo depois de ter ouvido o Presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, dizer, na sessão de abertura deste debate geral, que "o futuro não pertence aos globalistas, mas aos patriotas".

Marcelo Rebelo de Sousa contrapôs que os líderes devem ser "não só multilateralistas", como "verdadeiros patriotas das nossas próprias pátrias".

"Ser-se patriota é ter-se orgulho no passado, é ter-se orgulho nas raízes, é ter-se orgulho na História própria, mas é também ter-se a exata noção de que o mundo é como é, e de que os outros têm direito a ter orgulho nas suas próprias pátria. E que o mundo, onde não há ilhas, é fruto do diálogo do encontro, da permanente conjugação entre o espírito patriótico de todos e cada um de nós", defendeu.

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