Marcelo só se preocupa com os kits inflamáveis "quando tiver percebido o que se passou" - TVI

Marcelo só se preocupa com os kits inflamáveis "quando tiver percebido o que se passou"

  • CM
  • 26 jul 2019, 18:03

Presidente da República está de visita aos concelhos atingidos pelos grandes fogos dos últimos dias, mas recusou comentar a mais recente polémica à volta dos incêndios

O presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, alerta que a época dos incêndios "ainda não terminou". Durante uma visita às localidades afetadas pelos incêndios do último fim de semana, foi confrontado com a polémica sobre as golas inflamáveis dos kits de autoproteção e afirmou que não se vai pronunciar, sem ter "sabido, ter conhecido e ter percebido" o que se passou.

Vinha no automóvel para cá [Mação] quando vi a notícia. Aliás, vi várias declarações e observações sobre essa notícia. Não vou comentar sem ter visto, ter sabido, sem ter conhecido e ter percebido. Só me preocupa quando tiver percebido o que se passou", afirmou o chefe de Estado.

O Jornal de Notícias escreve hoje que 70 mil golas antifumo fabricadas com material inflamável e sem tratamento anticarbonização, que custaram 125 mil euros, foram entregues pela Proteção Civil no âmbito do programa "Aldeia Segura" e "Pessoas Seguras". De acordo com o jornal, as golas antifumo, fabricadas em poliéster, "não têm a eficácia que deveriam ter: evitar inalações de fumos através de um efeito de filtro".

Entretanto, a Proteção Civil esclareceu que os materiais distribuídos no âmbito dos programas "Aldeias Seguras" e "Pessoas Seguras" não são de combate a incêndios nem de proteção individual, mas de sensibilização de boas práticas.

Já o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, considerou “irresponsável e alarmista” a notícia.

Marcelo Rebelo de Sousa iniciou um périplo em Mação, distrito de Santarém, e vai visitar ainda os concelhos de Vila de Rei e da Sertã, no distrito de Castelo Branco, para perceber no terreno aquilo que se passou no incêndio que teve início no sábado e que atingiu estes três concelhos.

Estou no inicio de um périplo. Comecei por Mação, vou continuar, vou prosseguir e só depois é que terei uma ideia mais completa e, mesmo ainda aí, há elementos que se vai recolhendo, documentação que me ficou de ser enviada, para ter a noção exata das causas gerais e das causas específicas e do conjunto complexo de realidades vividas nestes dias que todos acompanhamos", indicou.

Depois de efetuar várias visitas por algumas das localidades atingidas pelo incêndio, como Amendoeira ou Sarnadas, o chefe de Estado fez a última paragem no concelho de Mação, na praia fluvial de Cardigos.

Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou que, até agora, já recolheu alguns elementos. 

"Já tenho muitos elementos na minha cabeça. Numa parte correspondia à ideia que tinha porque fui acompanhando e ouvindo protagonistas diretos do que se passava. A área ultrapassa, numa certa dimensão, aquilo que tinha imaginado", concluiu.

Marcelo diz que se não houver união torna-se “impossível” enfrentar os fogos

Já na Sertã, o Presidente alertou que, caso não haja união entre todas as instituições, será impossível enfrentar problemas como os incêndios.

Todos juntos é muito difícil enfrentar questões como esta. Se não houver essa conjugação de esforços que felizmente tem havido genericamente por todo o país, então não é muito difícil, é impossível", disse o Presidente da República, que respondia a uma pergunta dos jornalistas sobre as acusações trocadas entre o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, e o presidente da Câmara de Mação, Vasco Estrela.

Recordando uma conversa que teve com um jovem presidente da junta da região que lhe disse que nestas situações "não há partidos", Marcelo Rebelo de Sousa salientou que, numa questão como esta, "o que interessa é o interesse das populações, do povo, da comunidade".

O chefe de Estado realçou que as populações e instituições "aprenderam com 2017" e "vão continuar a aprender", porém, este "é um processo contínuo e um processo complexo".

Penso que na sociedade portuguesa estamos de acordo com uma realidade fundamental: tudo o que se fizer para apostar no interior ou nos interiores - são vários e a várias velocidades - é essencial para alterar um panorama que, se não for alterado, poderá ter consequências no futuro que não serão felizmente aquelas que ocorreram no passado, mas que serão sempre negativas", notou Marcelo Rebelo de Sousa, que falava aos jornalistas num dos últimos pontos da sua visita, a aldeia da Cumeada, na Sertã, distrito de Castelo Branco.

Durante a tarde de hoje, Marcelo Rebelo de Sousa visitou várias localidades dos concelhos da Sertã e de Vila de Rei, no distrito de Castelo Branco, e do concelho de Mação, no distrito de Santarém, afetadas pelos incêndios que deflagraram no sábado.

O Presidente da República começou em Cardigos, no concelho de Mação, naquela que foi a paragem mais demorada, de cerca de 20 minutos, onde fez questão de cumprimentar todos os bombeiros presentes no quartel local, bem como alguns populares.

O chefe de Estado ouviu queixas de falta de bombeiros na localidade de Roda, passou de forma breve em Sarzeda e Amêndoa e regressou a Cardigos para visitar a praia local, antes de partir para Vila de Rei, onde também fez uma pequena paragem na praia fluvial do Bostelim.

Neste concelho, Marcelo Rebelo de Sousa parou também em Vale da Urra, para falar com os familiares do único ferido grave do incêndio, antes de seguir para o Centro Geodésico de Portugal, onde, com a ajuda de uns binóculos, pôde perceber melhor a evolução do incêndio entre sábado e terça-feira, dia em que foi dado como dominado.

Seguiu-se a Cumeada, já na Sertã, onde foi recebido por dezenas de populares que se preparam para a festa local.

Aos jornalistas, o Presidente da República deixou ainda um convite aos portugueses para visitarem as mesmas praias fluviais a que foi.

"Neste mês em que se vai entrar quem queira vir deve vir e deve percorrer o território, conhecer as pessoas e contribuir para a dinamização económica desta área", referiu.

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