Marcelo solidário com indignação de Costa: Europa "tem de estar unida" - TVI

Marcelo solidário com indignação de Costa: Europa "tem de estar unida"

  • Sofia Santana
  • 27 mar 2020, 19:19

Marcelo Rebelo de Sousa vincou que a Europa "tem de estar unida, corajosa e solidária"

O Presidente da República disse estar solidário com a indignação do primeiro-ministro relativamente às declarações do ministro das Finanças dos Países Baixos, Wopke Hoekstra, embora referindo que não acompanhou o que se passou. Marcelo Rebelo de Sousa vincou que a Europa "tem de estar unida, corajosa e solidária."

Não podemos aceitar que num momento crítico enfraqueçam a Europa e o primeiro-ministro indgnou-se e eu sou soldário com a sua indignação. E eu também me indigno com o facto de a Europa que tem tanto peso no mundo não ser capaz de perceber que tem de estar unida, corajosa e solidária."

"Os decisores políticos europeus têm de perceber que isto não é um problema de um país, é um problema da Europa", acrescentou.

O chefe de Estado falava em declarações aos jornalistas no Palácio de Belém, em Lisboa, após ter recebido o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses e as bastonárias das ordens dos enfermeiros e dos farmacêuticos.

Marcelo Rebelo de Sousa rejeitou que a reação do primeiro-ministro português contribua para quebrar pontes de diálogo na União Europeia: "Não, porque o ser-se capaz de considerar que é errado não se ser solidário não quebra solidariedade, afirma solidariedade".

"É em nome da solidariedade que nós temos o direito de não perceber a falta de solidariedade dos outros. Porque estamos no mesmo barco, não há vários barcos na Europa, há um barco, como se viu no vírus", defendeu.

Comparando a União Europeia com uma família, o chefe de Estado pediu que se evitem declarações de acusação e responsabilização interna que só enfraquecem o conjunto, considerando que este "é um problema de bom senso".

Se cada um nós dentro da Europa começa a dizer mal dos outros, onde é que vai parar a solidariedade?", perguntou.

O Presidente da República considerou ainda que têm sido dados passos tímidos e insuficientes para reagir à pandemia da Covid-19 e defendeu que este é um momento crucial que exige uma União Europeia corajosa.

Há países que têm resistido, são poucos, é uma minoria. Têm resistido a passos mais claros, menos tímidos, mais solidários e mais determinados. Eu considero que é um erro essa resistência, porque é nos momentos cruciais que se vê a capacidade de afirmação das instituições", afirmou.

Segundo o chefe de Estado, "a Europa deu passos, mas são passos ainda insuficientes, são passos tímidos", como as decisões de haver "um financiamento para enfrentar a crise, definido em princípio - agora há que concretizar as condições" e de "libertar da rigidez das regras do défice para que os Estados possam atuar enfrentando as crises económicas e sociais".

Em relação a este último ponto, advertiu que "convirá no futuro definir exatamente o que é que isso significa quando se vier a calcular a incidência nos orçamentos de cada país".

Esta crise é um momento essencial para se ver se a Europa quer ser mesmo Europa corajosa, determinada e virada para o futuro, ou se quer esperar mais três meses para ver o que dá o processo sanitário, fazer a avaliação económica e social e depois decidir", acrescentou.

Na quinta-feira à noite, após uma reunião por videoconferência do Conselho Europeu, o primeiro-ministro foi questionado sobre declarações do ministro das Finanças holandês que, segundo vários órgãos de imprensa europeia, sugeriu que a Comissão Europeia devia investigar países como Espanha que alegam não ter margem orçamental para lidar com os efeitos da crise provocada pela pandemia da covid-19, apesar de a zona euro estar a crescer.

Esse discurso é repugnante no quadro de uma União Europeia. E a expressão é mesmo essa. Repugnante", reagiu António Costa, acrescentando que as palavras do ministro holandês foram de "uma absoluta inconsciência" e de uma "mesquinhez recorrente", que "mina completamente aquilo que é o espírito da União Europeia e que é uma ameaça ao futuro da União Europeia".

 

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