Marcelo vai condecorar os profissionais de saúde que trataram o primeiro caso de Covid-19 em Portugal - TVI

Marcelo vai condecorar os profissionais de saúde que trataram o primeiro caso de Covid-19 em Portugal

Num discurso centrado no surto de Covid-19, Marcelo Rebelo de Sousa lembrou que a pandemia atingiu tudo e todos, provocou centenas de desempregados e parou economias. Aproveitou ainda para deixar grandes elogios aos portugueses, naquele que tem sido o seu comportamento ao longo dos últimos meses

Marcelo Rebelo de Sousa anunciou, no discurso realizado durante cerimónias do 10 de junho, que vai condecorar os profissionais de saúde que trataram o primeiro caso de Covid-19 em Portugal, considerando que têm tido um "heroísmo ilimitado a fazer de carências e improvisos excelência".

Portugueses, é justo que nos unamos para homenagear os heróis da saúde em Portugal, todos, sem exceção. E aqui lhes testemunho, convosco e em vosso nome, essa homenagem. E não podendo galardoar simbolicamente todos eles, escolhi os que trataram o primeiro doente com covid-19. O médico que acompanhou, o enfermeiro que cuidou, a técnica de diagnóstico que examinou, a assistente operacional que velou", disse o Presidente da República na cerimónia comemorativa do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, em Lisboa.

 

Neles, a quem entregarei dentro de dias as simbólicas insígnias da Ordem do Mérito, abarcarei milhares e milhares de heróis de centenas e centenas de serviços e unidades de saúde", acrescentou.

Num discurso centrado no surto de Covid-19, Marcelo Rebelo de Sousa lembrou que a pandemia atingiu tudo e todos, provocou centenas de desempregados e parou economias. Aproveitou ainda para deixar grandes elogios aos portugueses, naquele que tem sido o seu comportamento ao longo dos últimos meses. 

O povo português  soube compreender e cumprir a contenção", acrescentou. 

No seu entender, a situação em que Portugal se encontra, três meses depois de terem sido detetados os primeiros casos no país, só foi possível porque os portugueses se comportaram "com sensatez e maturidade", porque "os políticos fizeram uma trégua de dois meses e uniram-se no essencial", porque os serviços básicos "não faltaram" e na saúde houve um "heroísmo ilimitado, a fazer de carências e improvisos excelência".

O Presidente da República questionou se se percebeu o que falhou na saúde, na solidariedade social, nos serviços público e privado. Defendeu esta quarta-feira que é tempo de Portugal acordar para a nova realidade resultante da pandemia e fazer as mudanças que se impõem, com coragem, sem voltar às soluções do passado.

Portugal não pode fingir que não existiu ou não existe pandemia, como não pode fingir que não existiu e existe brutal crise económica e financeira. E este 10 de Junho de 2020 é o exato momento para acordarmos todo para essa realidade".

O chefe de Estado, que discursava nos claustros do Mosteiro dos Jerónimos, acrescentou: "Não podemos entender que nada ou quase nada se passou, como não podemos admitir que algo de grave ou muito grave ocorreu e esperar que as soluções de ontem sejam as soluções de amanhã, como não podemos concordar com a inevitabilidade da mudança e nada fazer por ela".

Apontou os próximos meses e anos como "uma oportunidade única para mudar o que é preciso mudar com coragem e determinação" e rejeitou que se opte por "remendar, retocar, regressar ao habitual, ao já visto, como se os portugueses se esquecessem do que lhes foi, é e vai ser pedido de sacrifício e se satisfizessem por revisitar um passado que a pandemia submergiu".

Marcelo Rebelo de Sousa adiantou que tenciona, "após a pandemia", promover uma "cerimónia ecuménica de crentes de várias crenças e de não crentes para homenagear os mortos, envolvendo as suas famílias no calor humano de que foram privadas semana após semana".

Mas só serão justas estas homenagens, que não esquecem os compatriotas que lá fora morreram, sofreram e trabalharam neste tempo inclemente, se elas nos acordarem para o que temos de fazer", defendeu.

Terminou o seu discurso, no último 10 de Junho do seu mandato, lembrando as lições de há cem anos: "Desperdiçámos uma oportunidade única para sermos uma democracia moderna, livre e inclusiva. Desperdiçámos a lição da pneumónica, da última grande pandemia, e da crise económica, social e política que lhe seguiu".

Cem anos depois, não cometeremos o mesmo erro. Não desperdiçaremos o frémito nacional que vivemos, a oportunidade singular de começar de novo. Hoje, com o que já sofremos e o que vamos sofrer, o que 10 de Junho nos impõe é não perder o instante irrepetível, honrar os mortos, mobilizar os vivos, unir as vontades, converter o medo em esperança, pensar diferente, fazer um Portugal com futuro", concluiu.

Devido à pandemia de Covid-19, o Presidente da República cancelou no final de março as comemorações do 10 de Junho que estavam previstas para a Madeira e África do Sul e optou por fazer em Lisboa uma cerimónia "pequena, simbólica", com apenas seis convidados, como seu entender deveriam ter sido celebrados o 25 de Abril e o 1.º de Maio.

Nesta cerimónia, discursou também o cardeal e poeta madeirense José Tolentino Mendonça, escolhido pelo chefe de Estado para presidir à comissão organizadora das comemorações do Dia de Portugal.

Os seis convidados presentes foram o presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, o primeiro-ministro, António Costa, e os presidentes do Tribunal Constitucional, Manuel da Costa Andrade, do Supremo Tribunal Administrativo, Dulce Neto, do Supremo Tribunal de Justiça, António Piçarra, e do Tribunal de Contas, Vítor Caldeira, seis altas entidades que estão nos primeiros lugares da lista de precedências do Protocolo do Estado.

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