Marcelo vai reunir-se com a banca e espera ver setor "a retribuir aos portugueses" - TVI

Marcelo vai reunir-se com a banca e espera ver setor "a retribuir aos portugueses"

  • AG
  • 4 abr 2020, 14:34

Chefe de Estado vai falar com os presidentes dos principais bancos na segunda-feira

O Presidente da República afirmou este sábado que vai reunir-se com representantes da banca e que espera ver o setor a "entrar na corrida contrarrelógio" contra a covid-19 e a "retribuir aos portugueses" os apoios que teve.

Em declarações aos jornalistas, durante uma visita a uma sementeira de tomate na Lezíria Grande de Vila Franca de Xira (galeria associada ao artigo), Marcelo Rebelo de Sousa adiantou que irá falar por videoconferência "com os presidentes dos principais bancos, todos", na segunda-feira, para os ouvir sobre a atual situação, sobre a aplicação das medidas adotadas pelo Governo e sobre "a agilização para que o dinheiro chegue ao terreno".

A banca deve ao país, por causa das circunstâncias que todos conhecemos, de uma crise que vivemos há anos, um contributo muito importante durante anos. Cada português contribuiu para viabilizar bancos e que felizmente, mérito desses bancos, se viabilizaram, deram a volta por cima", defendeu.

O chefe de Estado, que prestava declarações aos jornalistas num pavilhão agrícola, abrigado da chuva que começou a cair a meio desta visita, acrescentou: "De algum modo esta é uma ocasião de retribuir aos portugueses aquilo que nós fizemos. E é um bocadinho isso que eu vou ouvir, como é que vai fazer chegar aos portugueses aquilo que não pode demorar muito, porque isto está tudo ligado".

Segundo o Presidente da República, "isto é uma corrida contrarrelógio e a banca tem de entrar na corrida contrarrelógio" o mais rapidamente possível, "porque a economia precisa do dinheiro mais cedo, porque as famílias precisam do dinheiro mais cedo, porque os trabalhadores precisam de trabalho mais cedo, precisam de salários mais cedo".

Questionado se entende que os bancos deviam reduzir juros, 'spreads' e não ter lucro neste ano, Marcelo Rebelo de Sousa escusou-se a entrar "nos pormenores", mas relatou já ter ouvido "de vários bancos", sem dar nenhum exemplo, que decidiram não distribuir dividendos, o que saudou.

Não distribuem dividendos, quer dizer, pegam nos lucros que iam dar aos acionistas, muitos deles são estrangeiros, e dizem aos acionistas estrangeiros, aos americanos, aos chineses, aos espanhóis, aos angolanos e aos portugueses também: não há nada para ninguém em termos de lucros porque precisamos de pegar nesse dinheiro e investir na economia portuguesa. Eu acho que isso obviamente é uma decisão muito sensata, muito sensata", declarou.

O Presidente da República manifestou-se surpreendido com os números de março do desemprego, referindo que "temia mais desempregados logo nestas últimas duas semanas", e considerou que "isso não aconteceu porque as empresas estão a fazer um esforço para aguentar os trabalhadores e os trabalhadores estão a fazer um esforço para se sacrificarem nos seus rendimentos".

Agora aí é que entra a necessidade do financiamento da economia, tem de entrar mais financiamento na economia, não só português, mas também europeu", insistiu.

Interrogado se o papel da banca tem ficado aquém do devido neste momento de pandemia de covid-19, Marcelo Rebelo de Sousa respondeu: "Não, eu devo reconhecer esse mérito à banca. Eu sei que é muito popular bater na banca. Eu lembro-me quando entrei em 2016 que havia quatro bancos portugueses que estavam em situação difícil".

Ora, a banca teve esse mérito, entre 2016 e 2020 deu a volta à sua situação. É verdade que com o apoio dos portugueses, é verdade, mas o que é facto é que na maioria esmagadora dos casos pagou aquilo que devia aos portugueses", sustentou.

De acordo com o chefe de Estado, "agora que deu essa volta, e teve o mérito de dar essa volta, o que se lhe pede é outra coisa: é que pegue nas linhas de crédito e faça chegar às empresas, agilize, facilite, porque os processos bancários às vezes são demorados e difíceis".

Marcelo sai uma vez por semana e usa máscara nas compras

O Presidente da República afirmou que, para se proteger do surto de covid-19, só sai em trabalho uma vez semana, usa máscara nas compras e vai passar a Páscoa confinado no Palácio de Belém.

Durante uma visita a uma produção de tomate no concelho de Vila Franca de Xira, Marcelo Rebelo de Sousa explicou aos jornalistas a forma como procura conciliar o exercício das suas funções com a proteção da sua saúde.

O chefe de Estado, que tem 71 anos, salientou que o "dever especial de proteção" a que estão atualmente obrigados os maiores de 70 anos não se aplica, entre outros, aos titulares de cargos políticos, "que têm de ter deslocações, não muitas, mas exemplares, para mostrar aquilo que se está a fazer e apoiar o que se está a fazer".

Isso tem de ser gerido comedidamente pelos responsáveis políticos que, obviamente, no resto, devem fazer o que é o regime dos mais de 70 anos, que é o que que faço", considerou, exemplificando: "Vou às compras, devidamente protegido nos meios fechados".

Marcelo Rebelo de Sousa adiantou que quando vai às compras, uma ou duas vezes por semana, usa máscara e também luvas.

Uso máscara, isso é uma ideia que me veio até um bocadinho daquilo que os meus netos me contaram que foi a lição da China. A China tem outra tradição de utilização de máscaras", referiu.

"Mas eu penso que quando vou a uma loja comercial fazer compras e há um encontro com mais gente num meio fechado, devo usar luvas e máscara, para não tocar nos produtos alimentares e noutras coisas assim, embalagens e tal. É uma forma de proteção que me tem valido, aparentemente, até agora, estar negativo", completou.

Além disso, evita ser transportado de carro: "Eu agora conduzo o meu carro sempre - hoje abri uma exceção - para não vir com mais ninguém".

Quanto às saídas em trabalho, entende que não se deve "abusar" e, por isso, adotou como regra "uma por semana".

No sábado passado, visitou uma farmacêutica, em Loures, e hoje quis mostrar o seu apoio ao setor agrícola. Há duas semanas, foi ver a forma como está a ser preparado o acolhimento de pessoas em situação de sem-abrigo num pavilhão municipal em Lisboa, dessa vez sem comunicação social.

Marcelo Rebelo de Sousa realçou que estas não são saídas para visitar familiares.

Eu não fui à terra a Celorico de Basto. Vim aqui em trabalho. Faço-o uma vez por semana, para apoiar setores da economia portuguesa. Depois, volto para estar o resto do fim de semana onde tenho estado toda a semana", reforçou.

Acrescem ainda às suas deslocações oficiais as reuniões técnicas com epidemiologistas em que têm participado titulares de órgãos de soberania, todas as terças-feiras, no Infarmed, em Lisboa.

Mas no resto do tempo eu lá estarei os dias da Páscoa metido em Belém. Como ainda por cima a minha casa é noutro concelho, para não ter de atravessar vários concelhos para chegar a Lisboa, fico de quinta-feira até segunda-feira seguinte metido em Belém, e aí serei escrupuloso, não farei mesmo nenhuma visita de trabalho", prometeu.

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