Num discurso na Câmara do Porto, no âmbito das cerimónias de tomada de posse, Marcelo Rebelo de Sousa apelou à liberdade religiosa, ao respeito pelos outros e à importância da diversidade.
Que uns e outros, crentes e não crentes, tenham presente o significado da Constituição da República Portuguesa. Respeitem a liberdade alheia, não a queiram limitar, não a queiram condicionar, não a queiram esvaziar em homenagem às suas posições pessoais".
O Presidente da República agradeceu todas as confissões religiosas feitas no país e todos aqueles que ajudaram os mais pobres.
Neste ano doloroso para todos os portugueses, o combate sem tréguas à pandemia seria outro sem o vosso contributo.Sem o contributo de todos aqueles crentes de várias confissões religiosas, e das próprias confissões, em domínios sensíveis da vida nacional".
Mais do que nunca, Marcelo disse que é importante incentivar à "tolerância a compreensão mútua", num tempo em que “é tão sedutor encontrar bodes expiatórios” e apontar o dedo ao "diferente" e ao "estranho".
"Apelo para que, em salutar diálogo e convergência de propósitos, tudo façamos para defender a liberdade, a tolerância e a compreensão mútua, num tempo em que é tão sedutor dividir e catalogar, encontrar bodes expiatórios, acusar sem fundamento, marginalizar sem humanidade”.
O amor como regra de vida. O amor como compreensão de todos outros", defendeu.
Porto "é uma cidade da liberdade"
Já em declarações aos jornalistas, Marcelo Rebelo de Sousa explicou o porquê da visita ao Centro Cultural Islâmico: o Porto "é uma cidade da liberdade, do arranque de liberdade há 200 anos, e da afirmação da liberdade da História de Portugal".
O Presidente da República quis, assim, prestar uma homenagem à cidade invicta.
Marcelo falava na Câmara Municipal do Porto, onde presidiu a uma a cerimónia ecuménica que contou com a participação de representantes de mais de uma dúzia de confissões religiosas presentes em Portugal.
Marcelo Rebelo de Sousa garante que democracia "não corre risco"
O presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, garantiu ainda que a democracia “não corre risco”, considerando que garantia disso é que “quem está no poder jura fidelidade” aos princípios democráticos e que tal “vale para toda a vida”.
As democracias aceitam os erros e, portanto, aceitam o que está certo e o que está errado, mas precisamente com a intenção de corrigir o que está errado e levar mais longe o que está certo. Por isso é que costumo dizer que mesmo a democracia mais imperfeita é melhor do que uma ditadura considerada perfeita”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, que hoje de manhã tomou posse para um segundo mandato como chefe de Estado.
Em declarações aos jornalistas, à saída da Câmara Municipal do Porto, o Presidente da República garantiu que “há 48 anos que não há risco de não haver democracia”, elencando uma “razão muito simples” para tal.
Porque os portugueses são democratas e porque, felizmente, tivemos sempre em lugares de responsabilidade na Presidência da República, na chefia do Governo, no parlamento, no poder local e regional democratas a garantirem e jurarem a defesa, o cumprimento e mais do que isso, a salvaguarda do cumprimento pelos outros de uma Constituição democrática”, esclareceu.