Ser Presidente "é uma função cansativa, mas muito realizadora" - TVI

Ser Presidente "é uma função cansativa, mas muito realizadora"

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  • 19 mai 2017, 15:52
Marcelo Rebelo de Sousa

Marcelo Rebelo de Sousa diz na Croácia que, para estar próximo das pessoas, está sempre a "comer e beber e falar e tirar fotografias". Chefe de Estado português recebe homóloga croata em maio

Marcelo Rebelo de Sousa afirmou esta sexta-feira que ser Presidente da República "é uma função cansativa", pois para estar próximo das pessoas está sempre a "comer e beber e falar e tirar fotografias", mas "muito realizadora".

O chefe de Estado, que termina esta sexta-feira uma visita de Estado de dois dias à Croácia, falava com estudantes croatas de língua portuguesa, num auditório da Universidade de Zagreb, em resposta a um jovem que lhe perguntou "como é ser Presidente de Portugal".

Marcelo Rebelo de Sousa explicou aos estudantes que procura aceitar o máximo de convites que pode, e que tem dificuldade em dizer não: "É difícil. Isso explica porque é que o Presidente tem de ter muita saúde, para poder resistir, porque em todos os sítios tem de comer muito".

Vai a uma festa popular, come 20 vezes, porque há 20 grupos de pessoas que lhe oferecem comida. E se ele não comer 20 vezes, ficam ofendidos - comer e beber e falar e tirar fotografias. Agora há uma moda das selfies, já ouviram falar", descreveu, fazendo rir os jovens croatas.

O Presidente da República disse que "todos querem ter uma 'selfie', para pôr no Facebook, ou no Instagram", e que "no momento em que se aceita uma 'selfie', começa a aceitar-se todas".

Portanto, é uma função cansativa, mas é uma função que é muito realizadora. A pessoa sente-se feliz por estar em contacto com os portugueses e com os estrangeiros que visitam Portugal", concluiu.

Na resposta ao estudante que lhe colocou a pergunta, Marcelo Rebelo de Sousa começou por referir que procura "estar próximo das pessoas, isso é a função do Presidente", mas que também lhe compete promulgar as leis, acompanhar a atividade do Governo, e que o Presidente é o Comandante Supremo das Forças Armadas.

"Portanto, tem de visitar todas as semanas, todos os meses, ou a Marinha, ou o Exército ou a força Aérea, para conhecer. Às vezes, pode ter de ir ver missões militares no estrangeiro, e acompanha o fundamental da política externa", acrescentou, explicando desta forma que "o Presidente acaba por ter de dispersar muito a sua atividade".

Marcelo Rebelo de Sousa ressalvou que "cada Presidente é diferente", e há "uns magros, outros gordos, uns mais alegres, outros mais fechados", mas defendeu que têm sido "todos muito bons".

Sobre a sua proximidade em relação aos cidadãos, enquadrou-a na "função representativa" do chefe de Estado, referindo que "o Governo tem de governar, não pode estar tão próximo, tem de estar nos gabinetes a governar".

"E por isso o Presidente recebe convites para ir às festas, às procissões, às universidades, às escolas, às instituições sociais, aos hospitais, em todo o país", justificou, dando como exemplo a visita que vai fazer no início de junho a "todas as ilhas dos Açores, menos uma", São Miguel, onde vai já no próximo fim-de-semana.

Marcelo recebe presidente croata em maio

No encontro com estudantes de língua portuguesa, na Universidade de Zagreb, Marcelo Rebelo de Sousa adiantou esta sexta-feira que vai receber em maio do próximo ano uma visita da homóloga croata, Kolinda Grabar-Kitarovic, e disse esperar um reforço das relações económicas bilaterais.

A nossa ideia é, quando a Presidente for a Portugal, em maio do ano que vem, reunirmos os empresários dos dois países e vermos como é possível aumentar o investimento", declarou o chefe de Estado português.

Questionado sobre as relações económicas entre Portugal e a Croácia, Marcelo Rebelo de Sousa considerou também possível "os dois em conjunto investirem noutros países, onde se fala português, por exemplo", e acrescentou: "Eu penso que é possível haver uma atividade muito maior do que aquela que existe hoje, muito maior".

No primeiro dia da sua visita de Estado à Croácia, quinta-feira, Marcelo Rebelo de Sousa já tinha anunciado, em conjunto com Kolinda Grabar-Kitarovic, que a Presidente croata iria realizar uma visita de Estado a Portugal em 2018, mas sem especificar em que altura do ano.

Dirigindo-se para os jovens croatas, o Presidente da República disse-lhes que um possível reforço das relações económicas bilaterais constitui "uma oportunidade para quem falar português", como eles, até porque poucos portugueses falam a língua croata: "É uma vantagem vossa. Não vão ter concorrência de portugueses a falarem croata ".

Antes deste encontro na Faculdade de Humanísticas e Ciências Sociais da Universidade de Zagreb, Marcelo Rebelo de Sousa foi questionado pelos jornalistas sobre dois possíveis 'impeachments', nos Estados Unidos e no Brasil, e as eventuais repercussões nas bolsas mundiais, e em particular nas europeias.

"É prematuro estar neste momento a especular sobre isso. São duas realidades muito diferentes, e duas realidades em processo", respondeu o chefe de Estado, considerando que nas bolsas europeias existe "um compasso de espera" pela evolução económica em termos mundiais.

Quando saírem os próximos dados do crescimento de economias como a americana, como a japonesa, como as europeias, logo as bolsas reagirão. Portanto, eu não ligaria as duas coisas", acrescentou.

Durante o encontro com estudantes de português, Marcelo Rebelo de Sousa disse que nunca tinha estado na Croácia, e prometeu "voltar rapidamente", para passar férias, "com autorização do parlamento, porque o Presidente tem de contar tudo ao parlamento em Portugal, mesmo as visitas de férias".

No auditório estavam presentes os quatro deputados que o acompanham nesta visita de Estado: Luís Castro Henriques, e os deputados Sérgio Azevedo, do PSD, Porfírio Silva, do PS, Pedro Mota Soares, do CDS-PP, e Paulo Sá, do PCP, a quem o Presidente se dirigiu: "Qualquer dia recebem uma carta a dizer: comunico que vou passar férias à Croácia".

Durante este encontro, um estudante quis saber se seria muito difícil encontrar trabalho em Portugal. Na resposta, Marcelo Rebelo de Sousa optou por destacar as oportunidades que existem no plano internacional em geral para quem fala português, defendendo que "cada vez haverá mais empregos em organizações internacionais, organizações não-governamentais".

Não é muito fácil, mas não é impossível, nem muito difícil, penso eu, no futuro", considerou.

Em resposta a outra questão, durante esta conversa com estudantes, Marcelo Rebelo de Sousa elogiou a beleza da Croácia e a capital croata em particular: "É muito bonita em termos de natureza, Zagreb é muito bonita como cidade, porque não destruiu a história".

"Depois, as pessoas são alegres, como os portugueses. Nós gostamos de ser alegres - alguns portugueses, como eu. Mas todos os croatas são alegres ", acrescentou, salientando também o facto de haver "muitos jovens" e "muito alegres".

"Gostam de música, gostam de arte, gostam de cultura, gostam do seu país, mas são abertos ao mundo, como os portugueses. E por isso eu senti-me em casa", concluiu.

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