Opinião: «É mais importante ser-se Presidente do que os netinhos» - TVI

Opinião: «É mais importante ser-se Presidente do que os netinhos»

Comentário político de Marcelo Rebelo de Sousa no Jornal Nacional da TVI

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Marcelo Rebelo de Sousa criticou este domingo no espaço de comentário no Jornal Nacional da TVI as explicações do Presidente da República sobre a ausência nas cerimónias fúnebres de José Saramago. O comentador político da TVI reafirma que compreende a ausência de Cavaco, mas considera que o Presidente não tinha que se explicar.

Cavaco «fez mal em ter explicado, porque estava explicado pela mensagem. É mais importante ser-se Presidente do que os netinhos. A função presidencial prevalece sobre as promessas todas aos netinhos. Não é isso que importa, nem o conhecer ou não conhecer Saramago», disse.

Rebelo de Sousa compreende a ausência de Cavaco Silva, mas já não entende a ausência da direita nas homenagens ao Nobel português. «Há coisas que a Direita católica não lhe perdoo. É uma figura impar na cultura e na história portuguesa contemporânea e isso a direita tem que reconhecer. Negar essa evidência é estúpido. A direita pecou por ausência. Mal».

Ainda sobre o escritor, Marcelo Rebelo de Sousa considerou que «Saramago por trás de uma carapaça muito dura, quem não o conhecia parecia uma pessoa distante fria (...), não chegava ao verdadeiro Saramago, era muito afectuoso». O comentador da TVI considerou ainda «injusto o comentário de D.Duarte de Bragança». «A nossa pátria é a língua portuguesa e Saramago projectou a nossa pátria através da língua portuguesa».

Sobre as polémicas com a Igreja, Rebelo de Sousa afirmou ter «pontos comuns» com o escritor e salientou que Saramago «sendo um ateu militante, passou a vida toda à procura de Deus, era obsessiva aquela busca de Deus». Saramago «fazia lembrar os místicos obcecados com a procura de Deus», disse.

Marcelo não entende Passos Coelho

Sobre o final da Comissão de inquérito ao negócio PT/TVI, que esta semana viu o relatório final ser aprovado, Marcelo Rebelo de Sousa lembrou que a comissão começou «antes da crise» e que por isso as consequências não podiam levar a uma queda do Governo. Sobre o papel do PSD, o professor condenou a postura do PSD e elogiou Pacheco Pereira com quem já «discordou» muitas vezes.

Para Marcelo, Pacheco Pereira «teve coragem» porque «pegou nas escutas». O mesmo não aconteceu com o resto do partido. «Tenho dificuldade em perceber como é que o PSD não votou com Pacheco Pereira», disse, considerando que «era possível subscrever aquelas conclusões e depois dizer que há uma crise nacional, uma crise financeira. Não se brinca em serviço e portanto não há moção de censura».

Rebelo de Sousa disse ainda não entender a atitude de Passos Coelho que no fim dos trabalhos veio criticar a posição de Mota Amaral, ao proibir o uso das escutas, e o facto de esta ter impedido «ir mais longe» na comissão.

«Menos percebo a atitude do líder do partido. (...) Depois de votado dá a sensação de que é desculpa de mau pagador», disse, acrescentando que «esta é uma das páginas negativas de Mota Amaral».
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