"A hiperatividade é o contrário da discrição, porque um hiperativo está sempre a mostrar-se, está sempre a aparecer, está sempre em entrevista, está sempre a interferir. Portanto, acho eu, a hiperatividade é, ela própria, um sinal de potencial instabilidade para quem vai exercer o cargo de Presidente da República porque um hiperativo não consegue estar sossegado. Um hiperativo está sempre à procura de momentos para aparecer, para intervir e para dizer 'estou aqui'".
A candidata presidencial comentava assim as declarações de Marcelo Rebelo de Sousa à SIC, nas quais o candidato afirmava que, caso seja eleito, corre o risco de ser considerado um "Presidente hiperativo", uma vez que defende que o chefe de Estado tem de se envolver ativamente na vida do país.
Maria de Belém afirmou ainda que considera que o seu adversário não é Sampaio da Nóvoa, mas Marcelo Rebelo de Sousa, e voltou a lembrar que "uma coisa é ser-se comentador, a outra é ser-se Presidente da República".
Segunda volta?
A candidata presidencial desvalorizou os dados das sondagens, que dão como certa a vitória de Marcelo Rebelo de Sousa, e reiterou que acredita que pode chegar à segunda volta porque sente que a adesão das pessoas à sua "mensagem" é "genuína".
"A adesão das pessoas à minha mensagem é uma adesão genuína, é uma adesão que as toca porque realmente aquilo que eu digo relativamente ao papel do Presidente da República e às causas que eu considero que o Presidente deve abraçar (...) é algo que toca as pessoas e que as leva a aderir à minha candidatura".
Cortes podem ter posto em causa SNS
Maria de Belém falou ainda sobre os atuais problemas na saúde. A antiga ministra do setor começou por criticar a visita de Marcelo Rebelo de Sousa ao São José dizendo que, uma visita nesta altura, "é totalmente inadequado". Sobre o caso da morte de um jovem de 29 anos, no dia 14 de dezembro, no Hospital de São José, a antiga ministra da Saúde afirmou que ainda "é cedo demais para indicar culpados".
A candidata presidencial criticou também os cortes orçamentais e afirmou que estes podem ter posto em causa o equilíbrio do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e que é necessário recuperá-lo rapidamente.
"Acho que os cortes podem ter posto em causa pelo menos alguns desequilíbrios que são muito delicados no SNS e que é indispensável recuperar esses equilíbrios para que o desenho constitucional seja cumprido."
Maria de Belém foi a primeira candidata a ser entrevistada na ronda de entrevistas aos candidatos presidenciais. Segue-se Marcelo Rebelo de Sousa na próxima quarta-feira.
A campanha eleitoral para as eleições presidenciais, que se realizam a 24 de janeiro, a rranca a 10 de janeiro.