Desigualdades entre homens e mulheres no presente têm efeitos no futuro - TVI

Desigualdades entre homens e mulheres no presente têm efeitos no futuro

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  • 8 mar 2021, 16:05
Mariana Vieira da Silva

Nas palavras da ministra, é preciso ter consciência que qualquer desigualdade entre homens e mulheres, por exemplo no emprego ou salarial, “não se traduz apenas nessa desigualdade salarial, o que já seria grave, mas também nas desigualdades nas pensões”

A ministra de Estado e da Presidência alertou esta segunda-feira que qualquer discriminação no presente tem uma consequência no futuro, dando como exemplo as desigualdades salariais e os efeitos nas pensões, defendendo que são precisas mais e melhores respostas.

Na sua intervenção na conferência digital sobre o tema “O impacto socioeconómico da covid-19 na igualdade de género”, organizado pela Comissão Nacional para os Direitos Humanos, Mariana Vieira da Silva destacou que é preciso compreender que as desigualdades estão a agravar-se e com essa constatação desenhar políticas para o futuro pós pandemia.

Nas palavras da ministra, é preciso ter consciência que qualquer desigualdade entre homens e mulheres, por exemplo no emprego ou salarial, “não se traduz apenas nessa desigualdade salarial, o que já seria grave, mas também nas desigualdades nas pensões”.

Todas as desigualdades que vivemos no presente têm forma de se consolidar no futuro”, alertou a governante, oradora convidada neste webinar para assinalar o Dia da Mulher.

Mariana Vieira da Silva apontou que se vive atualmente uma crise sanitária “com repercussões gravíssimas na vida de todas as pessoas”, sublinhando que o impacto e as suas consequências não são iguais para todos e têm especial impacto entre os que já eram vulneráveis.

Tal como as crises passadas, esta crise não é neutra do ponto de vista de género, até porque afetando os mais vulneráveis, afeta mais as mulheres do que os homens”, acrescentando que há já impactos conhecidos, graças a estudos que têm vindo a ser feitos, mas também outros que “ainda não são visíveis”.

A responsável frisou que estes impactos diferenciados entre homens e mulheres são não apenas resultado da conjuntura da crise atual, mas refletem também desigualdades estruturais que já existiam, acabando a pandemia por atuar como forma de exacerbar as desigualdades já existentes.

Deu como exemplo as desvantagens que limitam a participação das mulheres no mercado de trabalho, ou as dificuldades de conciliação entre a vida familiar e profissional para lembrar que são elas que estão na base destes desequilíbrios a curto e médio prazo, com repercussões a longo prazo.

Lembrou, a propósito, que a presidência portuguesa da União Europeia assumiu o tema da desigualdade de género como prioritário e disse que o objetivo é ter uma proposta de conclusões sobre o impacto económico da covid-19 na igualdade de género, tendo para isso sido aberto um concurso para apoiar novos estudos sobre o impacto de género desta crise, ao qual concorreram 140 trabalhos, dos quais foram selecionados 16 projetos que estão em curso.

Tem procurado reforçar esforço para ter dados administrativos desagregados por sexo, fazer a recolha e acompanhamento destes dados para se ter visão rigorosa da realidade e só com essa visão é possível calibrar os instrumentos políticos para atuar ao longo do tempo”, defendeu a ministra.

Só tornando as desigualdades visíveis, defendeu, será possível enfrentá-las, razão pela qual ficou determinado no Orçamento do Estado para 2021 que se fizesse a “desagregação possível de todos os instrumentos administrativos da administração central”.

De acordo com a ministra, “as mulheres estão confrontadas com uma crise que veio agravar as desigualdades que já existiam” e é por isso que nos momentos de crise “é preciso visão de género” nas políticas adotadas.

O combate pela igualdade no pós pandemia será um esforço conjunto e articulado, temos de ser capazes de mostrar porque é que entre os múltiplos problemas que a pandemia nos trará do ponto de vista económico, social, pobreza, temos este problema de desigualdade de género que também temos de combater”, sublinhou.

Defendeu ainda que são precisas “mais e melhores respostas para o combate às desigualdades e discriminações” porque é para proteger os mais frágeis e os mais vulneráveis que as políticas públicas têm de trabalhar mais.

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