Sócrates: «Tenciono recandidatar-me» - TVI

Sócrates: «Tenciono recandidatar-me»

Primeiro-ministro diz que um eventual chumbo do novo PEC criaria «uma crise política», que significaria «eleições antecipadas». «Não quero acreditar que a irresponsabilidade dos partidos os leve tão longe», diz

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Última actualização às 22:00

José Sócrates afirmou que um chumbo do novo PEC, criaria «uma crise política», que significaria «eleições antecipadas» e garantiu que, se isso acontecer, vai recandidatar-se.

«Se a Assembleia da República votar contra o PEC está a dizer ao Governo que não tem condições para se apresentar numa cimeira europeia e se comprometer com um programa de médio prazo de redução do défice. Isto quer dizer que tiram todas as condições ao Governo para prosseguir a sua acção e terá de ser devolvida a palavra ao povo».

Em entrevista à «SIC», Sócrates afirmou: « Não quero acreditar que a irresponsabilidade dos partidos os leve tão longe que não queiram sequer negociar ou falar com o Governo sobre as medidas». E avisa que uma crise: «Abriria a porta à intervenção externa e a receita do FMI é mais amarga do que a nossa.

«Espero que todos caiam em si, porque sinceramente acho que a direcção do PSD está a ver as coisas muito mal», afirmou.

Questionado sobre a recusa do PSD em aprovar e sequer discutir as medidas do novo PEC, Sócrates disse: «Não compreendo porque ainda há um mês o doutor Passos Coelho tinha dito que estava disponível para falar com o Governo sobre as medidas que achasse necessárias para 2012 e 2013».

Referindo-se ao PSD, Sócrates considera uma «profundíssima irresponsabilidade», um «aproveitamento político» e um «acto de teatro» o facto de o partido dizer que não aceita estas medidas e nem quer falar de outras. «O que isso mostra é um partido que quer criar uma crise política sem falar na crise política».

Questionado sobre se alguma vez pensou em demitir-se, o primeiro-ministro garante que não está «agarrado ao poder». « Encaro a minha passagem pela vida política com muito desprendimento», afirmou, mas frisou: «Eu não farei nada que possa contribuir para uma crise política. O meu dever é evitá-la».

Mas, caso haja eleições antecipadas, garante que «é evidente» que se recandidatará. «Sou líder do Partido Socialista, tenciono recandidatar-me», «não virarei a cara à luta».



«Sou desleal quando faço o meu dever?»

Sócrates respondeu ainda às críticas de Pedro Passos Coelho, que o acusou de «deslealdade e falta de respeito pelo país» por ter ocultado as medidas que estava a negociar com Bruxelas. «Fui desleal em quê? Sou desleal quando faço o meu dever?», questionou Sócrates.

Depois de ter dito que lamenta «muito essa linguagem do líder do PSD», considerando que «não contribui para a política portuguesa», o primeiro-ministro afirmou que «teria sido desleal se não tivesse feito» aquilo que fez.

Sócrates considera que a antecipação da apresentação das medidas permitiu a Portugal ter «uma posição firme» na cimeira da do Eurogrupo.

E negou que, tal como o acusa o PSD, as medidas tivessem sido apresentadas em Bruxelas. «As medidas foram apresentadas em Portugal em conferência de imprensa pelo ministro», frisou, adiantando que avisou Passos Coelho «na noite anterior», mas não revelou qual foi a posição do líder do PSD.

Frisado que o Governo quis «comunicar directamente aos portugueses» aquilo que pretende fazer, garantiu que «não foi anunciado o PEC, mas sim linhas de orientação».

« Peça de teatro? É assim que ele classifica os esforços que o Governo está a fazer para defender o país», afirmou indignado, referindo-se às críticas do líder do PSD.

PR não pode ser «instrumentalizado»

Sócrates disse ainda que o país precisa de um Presidente da República «com autoridade», «e a autoridade reside na sua isenção, em estar acima dos partidos» e «não deve permitir que os seus discursos sejam instrumentalizado por ninguém».

«Tenho a certeza que o Presidente da República não deixará de se colocar acima dos partidos».
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