As soluções dos eurodeputados portugueses para os refugiados - TVI

As soluções dos eurodeputados portugueses para os refugiados

Parlamento Europeu (Reuters)

Ana Gomes, Paulo Rangel, Nuno Melo, Inês Zuber e Marisa Matias apontam caminhos diferentes para responder à crise

O que propõem os eurodeputados portugueses para dar resposta, de forma eficaz, à crise de refugiados, numa altura em que se renovam os apelos para a Europa agir de uma vez por todas? Entre as soluções de quem representa Portugal no Parlamento Europeu estão a criação de canais seguros para migrantes que tentam chegar à União Europeia (UE) e a aplicação de sanções a Estados-membros que recusem acolhê-los. 

Em declarações aos jornalistas, em Estrasburgo, na véspera de um debate com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, sobre o tema, Ana Gomes (PS) afirmou que "além de pecuniárias" deveriam ser aplicadas "sanções políticas" a "comportamentos incompatíveis com princípios, fundamentos e valores da UE".

A eurodeputada sublinhou a importância da criação de "vias legais para refugiados e migrantes serem processados de acordo com os mecanismos que estão estabelecidos" na Europa.

"Essa é a única maneira de não continuar a dar lucro às redes de traficantes"


Para a eurodeputada do PCP, Inês Zuber, que subscreve uma proposta da ONU para a criação de "rotas seguras e legais", o problema dos migrantes tem que ser resolvido antes da chegada à Europa.

Pelo lado do PSD, Paulo Rangel defendeu a integração por comunidades "autárquicas ou paroquiais" das pessoas que Portugal venha a receber.

"As tarefas que cada um pode desempenhar, a forma como os devemos ocupar, como podemos colocar as crianças na escola, dependerá dessa integração local. Essa é a única forma de acolher as pessoas, não é mete-las num campo aos milhares e Portugal nem tem qualquer estrutura para isso"


O Estado português pode "ser essencialmente um coordenador não apenas da sua capacidade de resposta, o que apontaria, apesar de tudo, para números limitados, mas também da resposta da sociedade civil", acrescentou o eurodeputado, citado pela Lusa. E defendeu ainda necessidade de serem as pessoas a decidirem os seus destinos porque "refugiados não são presos".

Preferindo não avançar números para acolhimentos por ser preciso avaliar a realidade, Nuno Melo (CDS-PP) espera que haja "rigor na entrada, distinguindo o que precisa ser distinguindo e uma profunda humanidade e humanismo na integração".

"E uma diferenciação entre os casos de asilo das pessoas que fogem das guerras e de situações calamitosas dos que procuram trabalho e até de pessoas que pretendem entrar na Europa fortaleza com o intuito de provocar atentados terroristas".


Por seu lado, Marisa Matias (BE) afirmou a sua "vergonha" pela posição assumida por Portugal quando tentou "reduzir o número de refugiados a receber e das quotas", mas ressalvou a "mudança de opinião" em Lisboa depois das afirmações feitas pela chanceler alemã.

"E espero que mude ainda mais porque há muitas famílias e comunidades para receber refugiados. O problema é a falta de solidariedade e não refugiados a mais"


A eurodeputada notou que Portugal ainda não recebeu qualquer pessoa da quota de 45 refugiados de 2014.

Só este ano, já morreram pelo menos 2.760 migrantes no Mediterrâneo. Fora aqueles que as estatísticas poderão não ter contabilizado.

A Agência da ONU para os Refugiados, da qual o português António Guterres   é ainda o alto-comissário, advertiu também hoje que a Europa tem de passar das palavras às ações e  acolher 200.000 refugiados, defendendo que não pode haver apenas “uma solução alemã para um problema europeu”.  

O Parlamento Europeu debateu hoje o mecanismo de relocalização de emergência de 40 mil requerentes de asilo que estão em território italiano e grego para outros Estados-membros da União Europeia, que será aplicável durante dois anos.

Os eurodeputados, num relatório que é votado na quarta-feira, querem ver aumentado o número de lugares de relocalização.

 
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