Portugal vive num ambiente de «degradação das instituições políticas», com «um Governo já sem qualquer credibilidade e sem legitimidade», o que «exige que o Presidente da República retire consequências políticas deste caso», defendeu o líder parlamentar comunista, João Oliveira, em declarações à agência Lusa.
O «facto de o senhor ministro da Administração Interna ter apresentado a sua demissão comprova a necessidade de se retirarem consequências políticas deste caso, mas não é suficiente». «As consequências políticas deste caso vão bem mais fundo do que a responsabilidade do ministro da Administração Interna», acrescentou.
João Oliveira apontou os vistos gold como um mecanismo que cria «campo a este tipo de práticas ilícitas» e advogou que criminalmente devem apurar-se «todas as responsabilidades que existam».
«Achamos que a saída do ministro Miguel Macedo é normal em democracia e era esperada, o que só contrasta, para vergonha da ministra da Justiça e do ministro da Educação, com outras demissões que ficaram por fazer», considerou, por sua vez, o dirigente bloquista Jorge Costa.
Na opinião do membro da comissão política do BE, o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, e o vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, devem responder «pelo fim desta medida que não trouxe nada ao país a não ser um negócio escuro».
Jorge Costa disse que este mecanismo criado pelo executivo favorece «interesses totalmente alheios à população portuguesa» e «a especulação imobiliária», não criando «um único emprego a não ser a afluência de grandes somas de dinheiro que circulam em circuitos indesejáveis». «Paulo Portas tem de responder por este caso dos vistos dourados que só promovem aplicações de capital e que não têm vantagens para o país. Não há nada de bom que seja trazido à economia».