Portugal não tem “uma estrutura articulada e musculada contra a corrupção”, diz ministra - TVI

Portugal não tem “uma estrutura articulada e musculada contra a corrupção”, diz ministra

Até ao final do próximo ano, Portugal tem de implementar medidas de proteção para os chamados denunciantes. Uma das propostas da nova estratégia de combate à corrupção prevê a colaboração premiada de arguidos. Numa entrevista esta segunda-feira no Jornal das 8, da TVI, Francisca Van Dunem admitiu que Portugal não tem uma estrutura “articulada e musculada” contra a corrupção e apresenta falhas ao nível da punição

Até ao final do próximo ano, Portugal tem de implementar medidas de proteção para os chamados denunciantes, ou seja, pessoas que estão integradas numa organização e que têm conhecimento ou acesso a informação de origem criminosa e que denunciem às autoridades. 

Uma das propostas da nova estratégia de combate à corrupção prevê a colaboração premiada de arguidos. O hacker Rui Pinto é um dos que pode beneficiar com a aprovação da nova lei.

Numa entrevista esta segunda-feira no Jornal das 8, da TVI, Francisca Van Dunem admitiu que Portugal não tem uma estrutura “articulada e musculada” contra a corrupção e apresenta falhas ao nível da punição. Disse ainda que isso leva com que as pessoas tenham a perceção de "ineficácia do Estado".

Basicamente nós temos hoje uma experiência acumulada e apercebemo-nos de duas coisas: a primeira é que não temos, efetivamente, uma estrutura de prevenção articulada e musculada; a segunda é que temos muitas falhas ao nível da resposta na repressão”, acrescentando que isso faz com que as pessoas tenham o sentimento de “ineficácia da capacidade do Estado”.

De acordo com a Ministra da Justiça, dentro desta nova estratégia estão propostas para uma identificação mais rápida do tipo de crime e a redução no tempo de demora dos processos. Questionada se vão deixar de haver megaprocessos como o do Caso BES ou da Operação Marquês, Francisca Van Dunem desconhece.

Não sei, porque basicamente há situações em que a realidade implica que se juntem vários factos de natureza diferente relacionados com o mesmo agente. E, portanto, não falo dessas situações em que é imperioso para se ter um conhecimento global da realidade juntar vários processos”.

Outra das propostas é o alargamento dos prazos de prescrição num prazo máximo de 15 anos.

Sobre a colaboração premiada de arguidos, a Ministra apontou falhas ao estatuto atual, que define que a colaboração entre o arguido e as autoridades tenha de ocorrer no prazo de 30 dias. Questionada sobre se o arguido é premiado quando denuncia o próprio crime ou quando denuncia alguém, Van Dunem diz que "se for um crime em associação ele [o arguido] tem que contar tudo. A lógica é que ele chegue e que conte a verdade toda”

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