Ministro garante: “Não há uma verdadeira oposição entre saúde e economia” - TVI

Ministro garante: “Não há uma verdadeira oposição entre saúde e economia”

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  • 15 abr 2020, 18:39
Pedro Siza Vieira - ministro da Economia

Pedro Siza Vieira reconheceu que vai aumentar o desemprego e a dívida, neste último caso para valores de 2015

O ministro de Estado, da Economia e da Transição Energética, Pedro Siza Vieira, defendeu esta quarta-feira que “não há uma verdadeira oposição entre saúde e economia”, numa altura em que se começa a debater “alguma retoma” em maio.

O governante referiu que está a ser preparada "a fase de transição”, defendendo que o “mais importante é construir condições nas empresas" para que todos possam voltar a trabalhar.

Gostava de recordar que não há uma verdadeira oposição entre saúde e economia”, defendeu ainda Siza Vieira.

O ministro realçou que “é preciso assegurar que as pessoas estão protegidas”, mas que “a próxima fase é de retoma” e, nesse contexto, “o Estado tem uma obrigação muito grande de intervir”, para “continuar a apoiar fatores de criação de valor, inovação e combate às alterações climáticas”, entre outros. 

O governante reconheceu que vai aumentar o desemprego e a dívida, neste último caso para valores de 2015.

Este trimestre vai ser o mais duro da nossa história económica. Abril vai ser provavelmente o pior mês, sendo que em maio devemos ter alguma retoma”, salientou.

Siza Vieira admitiu ainda a recapitalização de empresas e mesmo nacionalizações. “O Estado tem que avaliar as empresas e instituições que possam justificar um apoio especial na preservação desses ativos”, realçou.

O Estado não pode prescindir de instrumentos à sua disposição”, sublinhou ainda, indicando que a nacionalização da TAP não está fora de hipótese.

“Os Estados têm estado a avaliar como podem apoiar as companhias aéreas”, referiu, mas alertou que uma entrada de capital na TAP terá reflexos nos outros acionistas.

De acordo com Siza Vieira, já foram aprovados 430 milhões de euros nas linhas de crédito lançadas pelo Governo.

A nível global, a pandemia de covid-19 já provocou quase 127 mil mortos e infetou mais de dois milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 428 mil doentes foram considerados curados.

Em Portugal, morreram 599 pessoas das 18.091 registadas como infetadas, segundo os últimos dados divulgados.

Governo quer dinheiro de apoios na tesouraria das empresas até ao fim do mês

O ministro da Economia afirmou que a grande preocupação do Governo, em interação com a banca, é fazer com que o dinheiro dos apoios chegue à tesouraria das empresas até ao fim deste mês.

Pedro Siza Vieira assumiu este objetivo em conferência de imprensa, em São Bento, após reuniões entre o primeiro-ministro, António Costa, e as confederações patronais e sindicais sobre as condições para o relançamento da economia portuguesa depois de ultrapassada a atual fase de crise sanitária provocada pela Covid-19.

Confrontado com as críticas feitas duas horas antes pelo presidente da CIP, António Saraiva, de que os apoios do Estado ainda não chegaram às empresas, o titular da pasta da Economia contrapôs que esses apoios "têm estado a fluir de forma muito intensa".

O esforço que temos feito, quer pelo lado do Governo, quer na interação que temos com o sistema bancário, é de assegurar que o dinheiro chega à tesouraria das empresas a tempo do cumprimento dos compromissos no final deste mês de abril. Esse é o nosso objetivo e é para isso que temos estado a tentar mobilizar o mais possível o sistema bancário", frisou,

De acordo com o ministro de Estado e da Economia, até ao presente momento, o acesso ao regime de lay-off simplificado tem registado "uma adesão muito significativa por parte de todas as empresas" e houve já o lançamento de várias linhas de crédito, "umas geridas diretamente pelo Turismo de Portugal e que estão a ser muito acedida por microempresas do setor turístico".

Tivemos uma linha de 400 milhões de euros que esgotou a sua capacidade e que fez chegar esses 400 milhões de euros às empresas. Desde o passado dia 4, temos também agora novas linhas de crédito autorizadas pela Comissão Europeia e que se encontram desde a semana passada nos bancos", apontou.

Em relação a este último conjunto de linhas de crédito já autorizadas por Bruxelas, o ministro de Estado e da Economia referiu que "já houve pedidos de crédito e operações aprovadas no valor de 430 milhões de euros".

Julgo que nos próximos dias esse dinheiro começará a chegar à tesouraria das empresas", completou.

Interrogado sobre a forma como vai decorrer o processo de abertura económica em termos de setores de atividade, Pedro Siza Vieira abordou esta questão ainda de forma genérica e disse que terá de existir primeiro "uma avaliação de risco", designadamente no que concerne a aspetos como eventual concentração de público, ou à capacidade de adaptação dos espaços de trabalho e de consumo "ás condições acrescidas de saúde, segurança e higiene que serão exigidas".

Pedro Siza Vieira reafirmou que uma das missões será a de "construir o conjunto de condições para que se possa sair de casa de forma segura" a partir do momento em que as medidas de restrição à circulação e atividade começarem a ser progressivamente levantadas.

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