Venezuela: ministro Santos Silva acha que tempo de Maduro acabou - TVI

Venezuela: ministro Santos Silva acha que tempo de Maduro acabou

  • JFP/Atualizada às 00:55
  • 23 jan 2019, 22:29
Augusto Santos Silva

Ministério dos Negócios Estrangeiros exige respeito pelo parlamento venezuelano, com o ministro a “subscrever inteiramente” apelo da União Europeia para novas "eleições livres e justas"

O ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, afirmou quarta-feira o seu pleno respeito “à vontade inequívoca” mostrada pelo povo da Venezuela e disse esperar que Nicolas Maduro “compreenda que o seu tempo acabou”.

Apelamos para eleições livres, para que Maduro compreenda que o seu tempo acabou, porque não pode ignorar a vontade do povo e a Assembleia Nacional tem de ser respeitada”, disse o ministro à Lusa.

Santos Silva acrescentou “subscrever inteiramente” a declaração da chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, “preparada entre Estados-membros”, que renova o “apelo para que não haja violência e que seja plenamente respeitada a vontade inequivocamente manifestada hoje pelo povo venezuelano para a realização de eleições livres e justas”.

Seguirão outras tomadas de posição”, disse, frisando que Portugal, como a UE, acompanha minuto a minuto o que se passa no país.

O ministro, que falou à Lusa depois de aterrar em Lisboa vindo de Madrid, frisou a importância de a Venezuela “realizar eleições livres e justas” e de “todos os poderes da Assembleia Nacional serem restaurados e respeitados”.

Horas depois de o presidente do parlamento da Venezuela, o opositor Juan Guaidó, se ter autoproclamado Presidente interino, Santos Silva frisou também que “a segurança de Guaidó é essencial” e voltou a apelar a que “não haja violência”.

Acabei de aterrar, mas a última informação que tenho, de há hora e meia, é felizmente de que não há nenhum reporte” de problemas com a comunidade portuguesa e lusodescendente.

Não é possível resolver a crise venezuelana ignorando-a”, sublinhou, frisando que os milhares de manifestantes de quarta-feira em Caracas “não são braços armados do capitalismo”.

Antes, através da rede Twitter, a diplomacia portuguesa pediu que seja respeitada a legitimidade da Assembleia Nacional da Venezuela e o direito à manifestação pacífica, depois de o líder do parlamento, o opositor Juan Guaidó, se ter autoproclamado Presidente interino.

Apelamos a que não haja violência na Venezuela, que seja respeitada a legitimidade da Assembleia Nacional e que seja também respeitado o direito das pessoas a manifestarem-se pacificamente”, lê-se numa mensagem divulgada na conta oficial do Ministério dos Negócios Estrangeiros português na rede social Twitter.

Acompanhamos minuto a minuto a evolução da situação na Venezuela. A nossa preocupação principal é a segurança da comunidade portuguesa. Estamos também em contacto permanente com os nossos parceiros mais próximos, designadamente na União Europeia”, afirma-se numa mensagem colocada minutos antes na mesma conta.

"Segurança física" dos portugueses 

Em Madrid, na tarde de quarta-feira, o chefe da diplomacia portuguesa, Augusto Santos Silva, sublinhou que a sua “prioridade” é garantir a “segurança física” dos portugueses que vivem na Venezuela, esperando que as manifestações neste país sejam “pacíficas”.

Respeito a decisão dos outros países […], mas a segurança física dos portugueses que vivem na Venezuela é a prioridade número um” da diplomacia portuguesa, disse Augusto Santos Silva, numa conferência de imprensa acompanhado pelo chefe da diplomacia espanhola, Josep Borrell.

Santos Silva explicou que Lisboa tem “um elemento nacional” específico quando se trata do relacionamento com a Venezuela, que é o facto de haver cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes nesse país, sendo essa a sua “primeira preocupação”, insistiu.

Peço a todas as partes que se manifestam muito legitimamente, como é próprio das democracias, que o façam pacificamente sem pôr em causa a segurança dos bens e das pessoas”, afirmou o ministro português.

Pelo menos quatro pessoas morreram nos protestos da última noite contra o Presidente, Nicolás Maduro, na Venezuela, um dos quais em Caracas e três no estado venezuelano de Bolívar, anunciou hoje o Observatório Venezuelano de Conflituosidade Social (OVCS).

O Fórum Penal Venezuela (FPV) anunciou hoje que pelo menos 43 pessoas foram detidas na Venezuela nas últimas 48 horas, quando participavam em protestos contra o Governo de Maduro.

Poucos minutos antes desta declaração e na mesma conferência de imprensa, o ministro espanhol tinha avançado que Espanha e Portugal apostavam numa “solução política e negociada” como única saída possível na crise venezuelana e irão impulsionar a criação de um “grupo de contacto” da União Europeia.

Os dois chefes da diplomacia tinham analisado durante um almoço de trabalho que tiveram uma proposta lançada pela alta representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Federica Mogherini, para ajudar na resolução da crise venezuelana.

Borrell insistiu na criação de “um método que, sem levantar as sanções, procure e promova um diálogo” e acrescentou que “as sanções não são uma política, são instrumentos da política” e a Europa deve ir mais longe e envolver-se na busca de uma solução.

O ministro espanhol assegurou que a iniciativa europeia reflete uma “posição comum muito clara”, onde “todos dizem que a solução deve ser pacífica e negociada” e que a UE se deve envolver na procura de uma solução, visto haver “um milhão de europeus” a viver naquele país sul-americano.

O presidente do parlamento venezuelano, o opositor Juan Guaidó, autoproclamou-se hoje Presidente interino da Venezuela, perante uma concentração de milhares de pessoas, no leste de Caracas.

A UE não participou na tomada de posse de Nicolás Maduro para um segundo mandato, a 10 de janeiro, por considerar que as eleições presidenciais “não foram justas nem livres”.

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