Centenas nos Jerónimos para um último adeus a Mário Soares - TVI

Centenas nos Jerónimos para um último adeus a Mário Soares

Corpo do antigo Presidente da República está em câmara ardente na Sala dos Azulejos do Mosteiro dos Jerónimos, onde vai permanecer até terça-feira. Várias personalidades da política, da cultura e da sociedade já se deslocaram ao monumento para uma última homenagem ao "pai da democracia"

Centenas de pessoas aguardam à entrada do Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, a oportunidade de se despedirem de Mário Soares. O corpo do antigo Presidente da República, que morreu no sábado, está em câmara ardente na Sala dos Azulejos do monumento, onde vai, de resto, permanecer até terça-feira.

A urna chegou à Praça do Império poucos minutos depois das 13:00, tendo sido recebida pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, pelo presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, e pela ministra da Presidência, Maria Manuel Marques Leitão, que representou o Governo, dada a ausência de António Costa.   

A Sala dos Azulejos abriu ao público depois de uma cerimónia privada, reservada a familiares e outras personalidades, quando já muitos populares faziam fila no exterior do mosteiro. Algumas pessoas trazem consigo ramos de flores, que são recolhidos pelos elementos da agência funerária e colocados depois nos claustros, onde já estão cerca de duas dezenas de coroas

Além das centenas de anónimos, várias figuras da política e da sociedade já se deslocaram a Belém para um último adeus ao "pai da democracia". Os filhos de Mário Soares, Isabel e João, têm recebido, emocionados, as condolências.

Destaque para as muitas personalidades ligadas ao Partido Socialista que já passaram pelo monumento, como o presidente do partido, Carlos César, o histórico Manuel Alegre, o eurodeputado Pedro Silva Pereira, a antiga ministra Gabriela Canavilhas, o antigo ministro Mário Lindo, a eurodeputada Ana Gomes, a antiga eurodeputada Elisa Ferreira, o antigo secretário-geral António José Seguro, a secretária-geral adjunta, Ana Catarina Mendes, o líder da bancada parlamentar, Carlos César, o eurodeputado Francisco Assis ou a antiga candidata presidencial Maria de Belém.

Ao início da tarde, chegou o antigo Presidente da República Jorge Sampaio e a meio da tarde um outro antigo chefe de Estado, Ramalho Eanes.

Também a meio da tarde chegou José Sócrates, que, quando esteve preso, teve em Mário Soares um dos seus principais apoiantes. O antigo Presidente foi, inclusivamente, visitar Sócrates ao Estabelecimento Prisional de Évora. 

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, interrompeu a visita de Estado à Índia para estar presente nas cerimónias fúnebres e, em declarações aos jornalistas, esta tarde, voltou a explicar por que é que António Costa não fez o mesmo.

"Quando assumimos funções públicas temos deveres em relação ao Estado e em relação ao país. O que o dr. António Costa está a fazer nesta visita importante à Índia é isso mesmo. Decidimos que seria eu a interromper a visita, o que permite manter a visita de Estado na Índia e que ministro dos Negócios Estrangeiros receba todas as delegações estrangeiras que vêm ao funeral de Mário Soares", reiterou Santos Silva.

O reitor Sampaio de Nóvoa, o candidato presidencial que Soares apoiou em janeiro do ano passado, também foi homenagear o antigo Presidente.

Partidos prestam homenagem ao fundador do PS

Além das figuras socialistas, personalidades dos diferentes partidos fizeram questão de prestar uma homenagem ao fundador do PS.

O PCP fez-se representar por uma comitiva constituída pelo secretário-geral do partido, Jerónimo de Sousa, e pelos deputados João Oliveira e António Filipe. Em declarações aos jornalistas, Jerónimo de Sousa assinalou que o momento "é de pesar", preferindo não discutir questões políticas ou até mesmo históricas, relacionadas com a Revolução de Abril.

Mas não foram apenas figuras ligadas ao PS que quiseram associar-se a esta homenagem, destacando-se o antigo líder do PCTP/MRPP Garcia Pereira, o ex-líder do CDS-PP Manuel Monteiro e o antigo dirigente do BE Daniel Oliveira.

Já o Bloco de Esquerda levou uma comitiva que incluiu a porta-voz nacional do partido, Catarina Martins. O vice-presidente da Assembleia da República José Manuel Pureza, e os antigos líderes do Bloco Francisco Louçã e João Semedo e o antigo dirigente do Daniel Oliveira também passaram pela Sala dos Azulejos. 

O líder do PSD, Pedro Passos Coelho, também visitou a urna do antigo Presidente da República para prestar uma "homenagem merecida e justa". Em declarações aos jornalistas, o presidente dos sociais-democratas lembrou que conheceu Soares em 1984, quando era líder da JSD, e frisou as "grandezas" do antigo chefe de Estado.

O CDS também marcou presença, com uma comitiva liderada pela presidente do partido, Assunção Cristas. Em declarações aos jornalistas, a centrista lembrou que Soares trouxe consolidação à democracia portuguesa, à Europa e tinha uma "simpatia e capacidade de comunicação" que são de sublinhar. Isto "independentemente de em vários momentos termos discordado", frisou. 

Ribeiro e Castro, antigo líder do CDS-PP e João de Deus Pinheiro, antigo ministro dos Negócios Estrangeiros do PSD, o atual e o antigo secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos e Carvalho da Silva, também não deixaram de marcar presença nas cerimónias.

O leque de personalidades que já passou pela Sala dos Azulejos inclui ainda Miguel Sousa Tavares, o ex-líder da UGT João Proença, o realizador de cinema António Pedro Vasconcelos, Helena Fraga, ex-bastonária da Ordem dos Advogados, o humorista Ricardo Araújo Pereira, o ator Vítor de Sousa, escritora e ex-ministra da Educação do Governo de José Sócrates, Isabel Alçada, o diretor da Cinemateca, José Manuel Costa, o fadista Carlos do Carmo, o historiador José Pacheco Pereira, o presidente do Futebol Clube do Porto, Jorge Nuno Pinto da Costa, o presidente do Centro Cultural de Belém, Elísio Summavielle, a cantora Teresa Salgueiro, as atrizes Maria do Céu Guerra e Rita Blanco, o cantor Luís Represas, o realizador João Botelho, o musicólogo Rui Vieira Nery, e a fundadora do Chapitô, Teresa Ricou, entre outros

Mário Soares morreu no sábado, em Lisboa, e o Governo decretou três dias de luto nacional, entre hoje e quarta-feira.

O cortejo fúnebre percorreu as ruas da capital na manhã desta segunda-feira, tendo passado pela casa da família, no Campo Grande, e pela Câmara de Lisboa.   

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