Venezuela: PCP isolado a condenar reconhecimento de Juan Guaidó - TVI

Venezuela: PCP isolado a condenar reconhecimento de Juan Guaidó

  • Atualizada às 16:30
  • 4 fev 2019, 16:30
Juan Guaidó

Comunistas consideram tratar-se do "'presidente’ fantoche nomeado pela administração Trump para a Venezuela". Bloco receia "banho de sangue" e outros partidos apoiam decisão do Governo

O PCP condenou esta segunda-feira o reconhecimento pelo Governo português de Juan Guaidó como Presidente interino da Venezuela, considerando que não é com este alinhamento que se defendem os interesses do povo venezuelano nem da comunidade portuguesa.

O PCP condena o ‘reconhecimento’ e apoio anunciado pelo Governo do PS, com o apoio do PSD e CDS, ao ‘presidente’ fantoche nomeado pela administração Trump para a Venezuela, que contou com o apoio imediato de Bolsonaro”, refere o PCP em comunicado.

Para os comunistas portugueses, este apoio revela “uma intolerável afronta à soberania e independência da República Bolivariana da Venezuela, ao povo venezuelano, à Carta das Nações Unidas e ao Direito Internacional”.

O PCP defende que não é com “o alinhamento com aqueles que são responsáveis por tentativas de golpes de Estado, violência e terrorismo, sanções e bloqueio económico, confiscação ilegal de bens e recursos financeiros da Venezuela ou por provocações junto à sua fronteira a coberto de uma dita ‘ajuda humanitária’, assim como com a ameaça de intervenção militar reafirmada por Trump, que se defenderão os interesses do povo venezuelano e do povo português, incluindo da comunidade portuguesa naquele país”.

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, anunciou esta segunda-feira que Portugal reconhece e apoia a legitimidade de Juan Guaidó como Presidente interino da Venezuela com a missão de organizar eleições presidenciais livres e justas.

Os comunistas entendem ainda que esta decisão desrespeita a Constituição da República Portuguesa.

Ao arrepio dos interesses do país e do povo português, o Governo PS opta pelo apoio aberto à operação golpista contra a Venezuela, tornando-se assim co-responsável pela atual escalada de agressão levada a cabo pelos EUA, apoiada pela UE [União Europeia], e pelas suas graves e perigosas consequências para o povo venezuelano e a comunidade portuguesa que vive naquele país”, reiteram.

"Nem Maduro, nem Guaidó”

Já a coordenadora bloquista, Catarina Martins, avisou que a posição da União Europeia sobre a Venezuela "pode resultar num banho de sangue", explicando que o BE não acompanha nem Maduro nem Guaidó, mas uma mediação internacional para eleições livres.

Durante uma iniciativa na Feira de Espinho, no distrito de Aveiro, durante as jornadas parlamentares do BE, Catarina Martins foi questionada pelos jornalistas sobre o reconhecimento pelo Governo português de Juan Guaidó "como Presidente encarregado de convocar eleições livres e justas na Venezuela".

A atitude da União Europeia em reconhecer Guaidó como Presidente pode resultar num banho de sangue. O Bloco de Esquerda não acompanha nem Nicolas Maduro nem Guiadó", acentuou.

A solução, segundo a coordenadora do BE, é que haja "uma mediação internacional para eleições livres, para eleições que permitam uma solução escolhida pelo povo venezuelano, que evite um banho de sangue".

Muito antes de qualquer outro partido em Portugal e quando Nicolás Maduro era recebido e recebia visitas dos mais altos representantes de PSD, CDS e PS já o Bloco de Esquerda alertava para a deriva autoritária de Nicolás Maduro e para os muitos problemas da Venezuela", lembrou.

Nessa altura, como "estavam a fazer negócio, resolveram fechar os olhos", criticou Catarina Martins.

Agora, em nome do negócio também, há uma ingerência externa para ver quem é que vai ficar com o petróleo da Venezuela", condenou.

PS e CDS aplaudem

O PS manifestou apoio à decisão do Governo português de reconhecer Juan Guaidó como Presidente interino da Venezuela, considerando que essa é a melhor solução para permitir eleições livres e proteger a comunidade portuguesa.

Esta posição foi transmitida à agência Lusa pela porta-voz socialista, Maria Antónia Almeida Santos, após o Governo português ter tomado a decisão de reconhecer e apoiar a legitimidade do presidente da Assembleia Nacional Venezuelana, Juan Guaidó, como Presidente interino do país, "com o encargo de convocar e organizar eleições presidenciais livres, inclusivas e conformes às práticas democráticas internacionalmente aceites, nos termos previstos pela Constituição venezuelana".

O PS apoia a posição do Governo português de proceder ao reconhecimento político de quem está em condições de legitimidade para poder convocar eleições de acordo com a Constituição da Venezuela. Juan Guaidó, na qualidade de presidente interino da Venezuela, é o único que tem neste momento legitimidade para concretizar um processo transição pacífica, tendo em vista a realização de eleições", declarou Maria Antónia Almeida Santos.

Pelo lado do CDS-PP, Assunção Cristas considerou positiva a posição do Governo português, secundada pelo Presidente da República, de reconhecer Juan Guaidó como Presidente interino da Venezuela.

Nós registamos positivamente esta decisão do Governo português, como de resto pedimos e solicitámos desde o primeiro momento porque entendemos que não era possível ter eleições disputadas num ambiente de liberdade e de democracia com Nicolás Maduro à frente do país", disse Assunção Cristas, à margem da inauguração de um cartaz dom partido para as eleições europeias, na avenida da República, em Lisboa.

Também o novo partido de Santana Lopes, Aliança, se congratulou com a posição tomada por vários Estados Membros da União Europeia, entre os quais Portugal, de reconhecimento da “legitimidade constitucional” de Juan Guaidó como Presidente interino da Venezuela.

Em comunicado, a Comissão Instaladora Nacional do partido fundado pelo ex-líder do PSD Pedro Santana Lopes apoia ainda a posição de defesa de “rápida convocação de eleições presidenciais livres e democráticas” na Venezuela.

Tendo presente a importante comunidade portuguesa, a Aliança espera que o Governo português e a própria União Europeia saibam pautar a sua ação tendo em conta a segurança e as condições de vida da nossa comunidade na Venezuela”, acrescenta o texto.

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