Acusações de votações fraudulentas dentro do PSD - TVI

Acusações de votações fraudulentas dentro do PSD

PSD

Cartões falsos e votações em nome de terceiros entre os testemunhos apresentados

Um processo de fraude em eleições internas do PSD envolvendo cartões de militante falsos e votações em nome de outras pessoas é o que decorre dos testemunhos de várias pessoas que revelaram ter sido objeto ou envolvidas nesses procedimentos.

Uma reportagem publicada pela revista «Sábado» desta quinta-feira situa esta fraude eleitoral na eleição de Pedro Passos Coelho para a presidência do PSD, em 2010, com uma seção lisboeta do partido no epicentro de uma polémica envolvendo falsificação de assinaturas e de dados pessoais.

Jorge Ferreira é um dos três estudantes do ISEG que denunciam esta situação cujos testemunhos são apresentados pelo semanário. «Participei em eleições da seção i sem ser militante. Votei por outros. O cartão não era meu», confessou Jorge Ferreira revelando o final do processo: «Pediram-me para votar em Pedro Passos Coelho.»

Carlos Ramos descreve as iniciativas para votar por outros militantes: «O Carlos Martins e o Nuno Firmo pediram-me para votar em outras pessoas entre 2009 e 2010. Perguntei por quem ia votar e o Firmo dizia que eram antigos militantes que já não ligavam ao partido.» Sem ter participado neste processo, Martins contou que «arranjava desculpas» e que «não podia ir».

Gonçalo Almeida apresenta o terceiro testemunho no sentido da fraude eleitoral referindo que, motivado por «desconfianças», quis mudar a sua filiação no PSD para a Figueira da Foz e descobriu então que, não obstante apenas ter pedido a militância em outubro, já era militante desde abril: «Fiquei boquiaberto!..»

O estudante de economia contou que «a única coisa correta» na sua ficha de militante era «o nome» e «mesmo assim não estava completo». Gonçalo Almeida contou a história de um colega seu de faculdade que era do PCP e também apareceu como militante do PSD. Gonçalo Almeida conclui que os vários dados pessoais foram obtidos através de inscrições feitas na faculdade como, no seu caso, para a equipa de futebol.

Nuno Firmo, no centro destas acusações, garantiu à «Sábado» desconhecimento do caso. «Isso dos documentos falsificados não sei o que é.» E o ex-dirigente da JSD à altura na seção i responde também às acusações de votações em nome de outros: «Não fiz isso. Esse rapaz está a dizer que usou identificação falsa para ir votar e está a culpar-me a mim pelo ato que fez, sendo maior de idade? Isso é crime!»

O agora deputado social-democrata Sérgio Azevedo, e ex-presidente da seção i na altura, disse ao semanário não ter conhecimento de uma queixa apresentada por Gonçalo Almeida ao Conselho de Jurisdição Nacional do PSD. E frisou ter «muita dificuldade em acreditar nisso».

Já Duarte Marques, o atual líder da JSD, afirmou ter «conhecimento do caso». «Enviei-o para os órgãos próprios, que devem tomar decisões e analisar situações menos corretas», disse o responsável da Jota reforçando a necessidade de «fazer justiça doa a quem doer». Ricardo Sousa, presidente do Conselho de Jurisdição Nacional do PSD confirmou à revista que «o processo está a ser analisado em sede de primeira instância».
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