Sócrates acha que "Costa é um líder em formação" - TVI

Sócrates acha que "Costa é um líder em formação"

Antigo primeiro-ministro elogia Orçamento de Estado, espanta-se com criticas da direita e acha que postura de Marcelo "enfraquece o cargo" de Presidente. Em entrevista à TVI, Sócrates referiu-se ainda ao processo em que é arguido

Novo livro e oportunidade para passar em revista os protagonistas e as posturas políticas em Portugal e na Europa, por parte de José Sócrates.

De viva voz, considerou que António Costa "é um primeiro-ministro ainda recente, que só agora é líder do partido". Motivo para não se alongar sobre o carisma ou a sua falta, por parte do atual chefe de Governo.

A propósito de "Dom Profano – Considerações sobre o Carisma", José Sócrates assumiu, contudo, que é condenável a atual representatividade política dos povos na Europa.

A maior parte das decisões europeias hoje não tem legitimidade democrática", sustentou Sócrates, que assume, tratar-se de um assunto até mais denunciado por organizações de extrema-direita, já que "a esquerda desapareceu na Europa".

Marcelo "enfraquece o cargo"

Confrontado com a questão do carisma na política e sobre a popularidade do Presidente da República, Sócrates advogou não ser de "confundir, popularidade com carisma".

Tem uma forma de se relacionar com os portugueses muito baseada na proximidade", recordou Sócrates sobre Marcelo.

Sobre a postura de proximidade do Presidente, o antigo primeiro-ministro referiu achar "que isso enfraquece o cargo. Muita gente faz essa observação e ele devia ter isso em atenção".

A vulgaridade, a banalidade, o quotidiano, a rotina, isto é, o excesso mata qualquer ideia carismática", disse Sócrates.

Orçamento é "um grande êxito político"

Confrontado com a proposta de Orçamento do Estado para 2017, Sócrates considerou tratar-se de "um grande êxito político".

O que seria de nós se não tivessemos investido no crescimento interno?" questionou Sócrates para defender a posição do Governo. Que lhe apraz contar com "uma transformação da esquerda política do Bloco de Esquerda e do Partido Comunista" e que apenas deveria "ter mais investimento público". O que, ainda assim, deveria chegar para alterar o discurso da direita política.

Pensam que ainda estão em 2011, a fazer o mesmo discurso. Ou é o Diabo que vem em setembro, ou então temos uma intervenção, ou Bruxelas vai dizer isto e aquilo", enumerou Sócrates para retratar a oposição constituída por PSD e CDS, que considera responsáveis pelo chumbo do acordo que o seu governo tinha feito para não pedir ajuda externa.

"Juiz teve insinuação maldosa"

Sobre o processo Operação Marquês, que o levou a estar detido na cadeia de Évora, José Sócrates foi escasso em palavras.

Ainda assim, pela primeira vez de viva voz, considerou que as entrevistas do juiz de instrução Carlos Alexandre o tiveram como alvo.

O juiz fez uma insinuação maldosa sobre mim", assumiu Sócrates, justificando assim a queixa para o Tribunal da Relação de Lisboa, exigindo o afastamento de Carlos Alexandre.

Face ao indeferimento do Tribunal da Relação, uma decisão tomada "incorretamente" para Sócrates, o antigo primeiro-ministro referiu ter feito um novo recurso, por "motivos formais", dado que a sua queixa deveria ter sido avaliada por três e não por dois juizes.

Continue a ler esta notícia