«Começam todos a desconfiar que Gaspar diz o mesmo que a Troika ou mais»

Em altura de balanço de dois anos de assinatura do memorando de entendimento com a Troika, Constança Cunha e Sá adverte que a situação presente «não é um caso de perda de qualidade de vida», mas considera sim que «os portugueses empobreceram brutalmente nestes últimos dois anos».

«A classe média em Portugal foi atacada de uma forma violentíssima», diz a comentadora de política da TVI referindo que «nada deu certo, não houve uma previsão que estivesse certa». «Chegámos aqui e não há qualquer perspetiva de futuro», acrescenta.

O que se passou com a austeridade ainda foi pior: «o Governo quis ir mais longe do que a Troika», afirma Constança Cunha e Sá apontando que «o Governo não se limitou a aplicar, o governo aplicou com entusiasmo».

«Fomos muito bons alunos, mas não conseguimos negociar com a troika a inexistência de uma medida de 436 milhões de euros. É no mínimo estranho que isto aconteça», contrapõe a comentadora, entretanto. «Começa toda a gente a desconfiar que Vítor Gaspar diz o mesmo que a Troika ou mais. Quando nos apresentam a Troika exige há muita gente que começa a desconfiar», comenta Constança Cunha e Sá.

«Não quero dizer com isto que o Governo quer por gosto taxar desempregados, cortar rendimentos, etc., mas há que juntar um ponto fundamental: é que isto foi seguido escrupulosamente, mas com uma enorme dose de incompetência», conclui.