«Seis anos de Freeport e não houve tempo para ouvir Sócrates?» - TVI

«Seis anos de Freeport e não houve tempo para ouvir Sócrates?»

Marques Mendes

Marques Mendes considera que acabou uma suspeita sobre o primeiro-ministro mas logo se iniciou outra

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Marques Mendes admite que o fim do processo Freeport foi uma «boa notícia» para José Sócrates. No entanto, referindo-se às notícias segundo as quais os procuradores só não ouviram o primeiro-ministro por falta de tempo, o comentador considera que começou outra «suspeita».

«Então seis anos de investigação e não houve tempo para ouvir o primeiro-ministro? Isto é de uma gravidade imensa. É mau para o primeiro-ministro, porque mal acaba uma suspeita começa outra, e é um monumental tiro no pé na justiça», afirmou, na TVI24.

Para o social-democrata, a «imagem de independência da justiça sobre o poder político fica sob suspeita» com esta notícia e o PGR tem «a obrigação» de dar uma explicação, sendo que o inquérito entretanto anunciado deve «estar pronto em 48 horas».

«Uma investigação que durou seis anos é uma vergonha, é absolutamente escandaloso. Isto não é justiça, é a negação da justiça. Isto não dá confiança a ninguém. A justiça não sai bem na fotografia», lamentou.

Ainda acerca da não audição de José Sócrates no processo, Marques Mendes recordou que este «foi visto como o principal suspeito». «Então e não é ouvido, nem sequer como testemunha? Se se tratasse de um cidadão comum, não tinha sido ouvido? Fica a sensação de que há duas justiças: uma para influentes e poderosos e outra para o resto dos cidadãos», acrescentou.

O comentador político falou ainda da venda da Vivo à Telefónica e da entrada da PT na Oi. «Aparentemente, ficou toda a gente satisfeita, todos salvaram a face. Os accionistas porque queriam vender e não os tinham deixado; o conselho de administração da PT porque estava numa embrulhada; e o Governo porque com a goldenshare se tinha envolvido num sarilho e queria descalçar esta bota muito rapidamente», afirmou.

Marques Mendes voltou a criticar o uso da goldenshare há três semanas. «Nessa altura, o Governo disse que a presença da PT na Vivo era estratégica e que nunca o Estado português poderia abdicar dessa presença¿ Então em três semanas deixou de ser? O que mudou?», questionou.

Além disso, o ex-líder do PSD frisou que a PT saiu da Vivo por completo e comprou apenas uma participação minoritária na Oi: «São realidades completamente diferentes. A Vivo é altamente rentável e a Oi ainda o ano passado deu prejuízos. Na Vivo a PT mandava, na Oi é só uma participação de 22%, a PT não vai mandar.»

O comentador não gostou do valor da venda da Vivo, porque «há três semanas era dinheiro pago de uma vez». «São mais 350 milhões, mas este preço é pago em dois anos. O valor é o mesmo, se fizer as contas aos juros», explicou.

O custo da participação na Oi também não é bem visto por Marques Mendes: «Foi uma negociação feita á pressa, com interferência do Governo e, quando o vendedor vê que o interesse do comprador é tanto, inflaciona o preço.»

«Para os investidores estrangeiros, a ideia de que ficou é a de que Portugal não é um país fiável, que as regras mudam conforme dá jeito. Isto mina a nossa credibilidade», lamentou.
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