Bloco acusa Governo de não dialogar com a esquerda: "O que era negociação passou a imposição" - TVI

Bloco acusa Governo de não dialogar com a esquerda: "O que era negociação passou a imposição"

Pedro Filipe Soares

O diálogo, que era "o cimento da geringonça", "ruiu por vontade do PS", acusam os bloquistas. Ana Catarina Mendes responde, visivelmente zangada, acusando o bloquista de "inverdades"

O Bloco de Esquerda acusou o Governo de, a partir de 2019, só querer falar com os partidos à sua esquerda por causa do Orçamento do Estado, existindo agora "chantagens", "arrogância" e "sobranceria".

Voltando a 2015, aquando da formação da geringonça, Pedro Filipe Soares sublinhou o que era um "diálogo permanente", até com "reuniões semanais".

Contudo, para o líder parlamentar bloquista, tudo mudou em 2019: "Não houve mais reuniões semanais, o diálogo com a esquerda limitou-se aos Orçamentos do Estado. O que era negociação passou a imposição."

Nos últimos dois anos, Pedro Filipe Soares acusou o Governo de "ter votado mais com a direita do que com a esquerda", exemplificando com as leis do trabalho.

"A geringonça não foi feita com chantagens, não foi filha de qualquer ultimato", lembrou o bloquista, dizendo que António Costa, na altura, "não teve medo" de perder a reputação.

PS fala em "inverdades" do Bloco

Em resposta, visivelmente zangada com estas acusações, Ana Catarina Mendes, líder do grupo parlamentar do PS, acusou o BE de "defraudar as expectativas dos portugueses com inverdades", na explicação do seu voto contra o Orçamento do Estado para 2021.

Percebo o incómodo de o BE, no dia de hoje, não saber o que dizer aos portugueses, (...) mas isso não lhe dá o direito de defraudar as expectativas dos portugueses com inverdades", começou por dizer a deputada.

Ana Catarina Mendes salientou que, ao contrário do que o BE refere, "houve muito diálogo nesta legislatura", acusando os bloquistas de "serem os primeiros a quebrar" esse mesmo diálogo, pois "sabiam que o que estavam a pedir ao Governo e ao PS não era acordo, era encenação".

"E foram os senhores que defraudaram os eleitores, quando, no ano passado, votaram contra o Orçamento do Estado [para 2021], mesmo com propostas do BE."

Para Ana Catarina Mendes, "votar contra este Orçamento por causa das leis laborais é falso, porque não estão no OE, mas estão na disponibilidade do Governo, manifestada na segunda-feira", para continuar o diálogo em torno das "propostas para a Agenda para o Trabalho Digno".

Quanto às acusações relacionadas com as pensões, a líder do grupo parlamentar do PS acusou os deputados do BE de se "prepararem para votar contra, nesta tarde, o aumento das pensões".

"Arrogância" e "sobranceria" do PS

Nesta altura, o verniz tinha mesmo estalado entre as duas bancadas parlamentares. Na resposta à intervenção de Ana Catarina Mendes, o líder parlamentar bloquista afirmou:

“Quando diz que acha exagerado que o BE chegue às negociações com pontos para negociar, mostra mais da arrogância do lado de lá do que da forma de estar do BE.”

Para Pedro Filipe Soares, as nove propostas bloquistas “não foram respondidas”. “Não as vemos em qualquer das aproximações que Governo diz que existe”, acrescentou.

Exemplificando com o ministro Pedro Nuno Santos, o bloquista sublinhou que já houve um “diálogo construtivo” à esquerda, mas que agora há “sobranceria”.

“O diálogo, que era o cimento da geringonça, ruiu por vontade do PS.”

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