Covid-19: Ferro Rodrigues não entende como não se retiraram lições quanto aos lares - TVI

Covid-19: Ferro Rodrigues não entende como não se retiraram lições quanto aos lares

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  • SS/CM - notícia atualizada às 22:10
  • 7 set 2020, 19:58

O presidente da Assembleia da República também questionou como é que é possível que a China apresente diariamente sete ou oito casos de novos infetados, enquanto Portugal apresenta às vezes 300 e 400 casos

O presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, disse esta segunda-feira não compreender como é que, nesta altura, ainda não se retiraram lições do que aconteceu nos lares numa primeira vaga da pandemia da covid-19.

Como é que se compreende que continuem apenas a fazer-se testes quando há pessoas que acusam positivo. Quando há uma pessoa num lar que acusa positivo, o caminho já está prejudicado, o caminho para uma vaga nesse lar já é muito forte”, afirmou Ferro Rodrigues.

E prosseguiu: “É isso que não consigo perceber porque é que não se apreenderam lições da primeira fase e não se retiraram lições para a evolução da situação em julho e em agosto, nomeadamente”.

Estas declarações foram feitas na segunda parte da reunião sobre a evolução da covid-19 em Portugal, que decorre esta tarde, no Porto, e que não é aberta aos jornalistas, que assistem à sessão numa sala preparada para o efeito, contudo, a transmissão não foi interrompida e acabou por se ouvir a intervenção de Ferro Rodrigues.

O encontro junta peritos, políticos e parceiros sociais e conta com a participação do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o primeiro-ministro, o presidente da Assembleia da República, líderes partidários, patronais e sindicais.

Outra das questões levantadas por Ferro Rodrigues foi a fiabilidade dos dados internacionais.

Não consigo olhar para as estatísticas que mostram os número de casos em Portugal e na China sem ficar com um misto de perplexidade e de alguma irritação”, confessou.

O presidente da Assembleia da República questionou como é que é possível que a China apresente diariamente sete ou oito casos de novos infetados, enquanto Portugal apresenta às vezes 300 e 400 casos.

Perguntando se não há nenhuma organização internacional que obrigue à fiabilidade dos dados, Ferro Rodrigues frisou que não podem existir dados com consequências económicas graves para vários países, entre os quais Portugal, que não são comparáveis.

Não faz sentido que alguns países despejem informação que não é certamente verdadeira, referiu, acrescentando que se for verdadeira Portugal tem de estudar muito a sério o que as autoridades desses países estão a fazer para aprender com elas.

Não faz sentido que hajam organizações internacionais que não prezem a verdade dos números e acontecimentos”, sublinhou.

A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 889.498 mortos e infetou mais de 27,1 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 1.843 pessoas das 60.507 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China. 

Estado "não se demite" de garantir proteção aos utentes dos lares

A ministra da Saúde, Marta Temido, afirmou hoje que o Estado “não se demite” de garantir a proteção dos utentes dos lares, apontando que estas são estruturas “muito complexas” e que o “dever de guarda” recai sobre os seus proprietários.

Aquilo que estamos a falar é de uma área de atividade muito complexa, onde há vários atores, desde logo os proprietários das instituições, muitas destas instituição maioritariamente são instituições privadas ou do setor social. Há aqui um dever de guarda que incumbe, em primeira mão, às estruturas que abrem portas para receber estas pessoas e depois, há um dever do qual o Estado não se demite de garantir o seu melhor para aquilo que é a proteção destas pessoas”, salientou.

A ministra, que falava à margem da reunião sobre a evolução da covid-19 em Portugal, disse ainda que tem sido dada “toda a atenção” a estas estruturas, onde estão “os mais sensíveis a esta doença”.

Sabemos da nossa experiência que as condições em que estamos a trabalhar têm de ter uma vigilância continua e uma presença regular das entidades de saúde, entidades da Segurança Social, entidades da Proteção Civil e concretamente, equipas de saúde familiar de forma a que seja garantido aquilo que são as regras”, referiu.

Questionada pelos jornalistas sobre o facto de o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, não compreender como é que ainda não se retiraram lições do que aconteceu nos lares numa primeira vaga da pandemia, Marta Temido disse não lhe “caber pronunciar” sobre o assunto.

O que tentamos mostrar foi que foi esse o caminho que tínhamos cumprido desde o início da pandemia”, disse a ministra, acrescentando que o Governo “continua a responder” com meios necessários.

“Penso que a segurança que podem ter em nós é que temos aqui um problema a sério, difícil, de abordagem complexa porque exige um conjunto de meios articuladamente a responderem e que continuaremos a mobilizá-los para as melhores respostas possíveis”, reforçou a ministra.

Também questionada sobre os cuidados de saúde primários, Marta Temido admitiu que os mesmos necessitam de ser melhorados, pois têm “um papel muito importante”, nomeadamente, por garantirem, entre outras questões, a visitação domiciliária, o atendimento telefónico, a vigilância ativa dos doentes covid.

Esta tem sido uma recuperação com que tem sido no nosso país, como noutros países com um ritmo de recuperação difícil, mas sabíamos isso desde o princípio. Sabíamos que fazer hoje uma consulta exige mais tempo”, afirmou Marta Temido, assegurando que as respostas vão ser intensificadas antes da próxima quinzena.

 

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