Parlamento "chumba" novo decreto-lei sobre Parcerias Público-Privadas - TVI

Parlamento "chumba" novo decreto-lei sobre Parcerias Público-Privadas

  • SS - atualizada às 13:25
  • 6 mar 2020, 12:17
Debate do OE2020

O Governo e o PS ficaram isolados na defesa das novas regras das PPP. No debate, no Parlamento, cinco partidos pediram a cessação de vigência do diploma - PSD, PCP, PAN, PEV e Iniciativa Liberal

O Parlamento aprovou esta sexta-feira pedidos de cessação de vigência do decreto-lei do Governo que alterou o regime das Parcerias Público-Privadas, e que deixará de vigorar cerca de três meses depois de ter sido aprovado.

Com os votos contra do PS e a abstenção do CDS-PP, foram aprovados, numa votação conjunta, os pedidos de cessação de vigência apresentados por PSD, PCP, PAN, PEV e Iniciativa Liberal, durante a apreciação parlamentar do diploma, pedida pelos sociais-democratas.

De acordo com o Regimento do parlamento, o decreto-lei deixará de vigorar no dia da publicação da resolução de cessação de vigência no Diário da República, não podendo voltar a ser publicado no decurso da mesma sessão legislativa.

Assim, manter-se-ão em vigor as anteriores regras aplicáveis ao regime das PPP, que datam de 2012.

O decreto-lei em causa entrou em vigor em dezembro do ano passado e determinava, entre outras alterações, que a decisão de contratar PPP passava a ser tomada por resolução do Conselho de Ministros, em vez de pelos ministros das Finanças e da tutela respetiva a que se referia anteriormente, como acontecia antes.

O novo decreto-lei excluía ainda as autarquias e as políticas de habitação do regime das PPP e responsabilizava o Conselho de Ministros pela fixação dos critérios para o lançamento de novas parcerias, que anteriormente estavam definidos na legislação.

 O Governo e o PS ficaram isolados na defesa das novas regras das PPP. No debate em plenário, cinco partidos anunciaram a intenção de pedir a cessação de vigência do diploma - PSD, PCP, PAN, PEV e Iniciativa Liberal.

No final do debate, o secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, André Caldas, apelou a que “se aprofunde a discussão na especialidade”.

A disponibilidade do Governo é séria e continua, cabe aos deputados refletirem no caminho: melhorar-se o regime jurídico das PPP ou simplesmente voltar atrás a um regime que criou problemas e impediu o desenvolvimento do país”, afirmou.

Em sentido contrário, o deputado do PSD Afonso Oliveira defendeu que será preferível recuar à lei anterior, de 2012, elaborada por um Governo PSD/CDS-PP, embora admitindo introduzir-lhe um aperfeiçoamento relativo às Regiões Autónomas.

Com as alterações introduzidas pelo Governo temos menos regras, mais discricionariedade, maior opacidade, e muito menos rigor na análise das PPP. Ora isto num Governo do PS todos temos razão para temer o pior”, alertou.

O deputado socialista Carlos Pereira lamentou que o PSD tenha optado pelo pedido de cessação de vigência do decreto, em vez de “tentar melhorá-lo” com propostas de alteração.

“O PSD não quer discutir, não quer debater, está-se a comportar como aluno traquinas que, de repente, deita uma bomba de mau cheiro dentro da sala de aulas”, criticou.

Pelo CDS-PP, a ex-líder parlamentar Cecília Meireles considerou que foi “em péssima hora” que o Governo decidiu alterar o regime das PPP. Ainda assim, e uma vez que o novo regime permitiria avançar com um projeto da Câmara do Porto com o qual o CDS se comprometeu na campanha eleitoral, o partido optou pelo caminho das alterações ao texto.

“Não podemos estar contra ou impedir aquilo com que nos comprometemos. Por isso mesmo, não votaremos a favor das cessações de vigência”, disse.

 

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