«Que políticos anfíbios são estes?» - TVI

«Que políticos anfíbios são estes?»

Debate parlamentar - Foto de Mário Cruz para Lusa

Nomeação de Jorge Coelho para Mota Engil provoca curto-circuito entre Louçã e Sócrates

O líder do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã atacou esta sexta-feira no Parlamento a nomeação do antigo ministro socialista Jorge Coelho para a administração da Mota Engil, criticando aqueles que considera serem «políticos anfíbios». O primeiro-ministro José Sócrates saiu em defesa de Coelho e acusou o dirigente bloquista de se comportar como um «fariseu» e fazer «insinuações sem fundamento».

O debate quinzenal era sobre energia, mas o tema que provocou o maior curto-circuito no hemiciclo veio no alinhamento da intervenção de Francisco Louçã, quando este colocou em causa o que considerou ser a promiscuidade entre as carreiras políticas e os cargos em empresas privadas e lhe deu um nome.

«Há três semanas Jorge Coelho esteve ao seu lado num comício do PS e hoje é presidente da Mota Engil e o país pergunta-se: que políticos anfíbios são estes, que saltam de um conselho de ministros para um verdadeiro conselho de ministros empresarial de uma empresa de construção civil que negoceia com o Estado?», disse o líder bloquista, no final da sua intervenção.

Continuando a ofensiva, Louçã insurgiu-se depois contra uma «vida videirinha que acha que pode saltar do poder e pedir votos dos portugueses para gerir a causa pública como um trampolim para carreiras privadas».

O deputado valeu-se ainda do socialista João Cravinho como arma de arremesso contra Sócrates. «Ouça o engenheiro João Cravinho, por uma vez. É preciso regras».

«Tiques de pesporrência»

José Sócrates, que não teve possibilidade de responder de imediato, explodiu na sua intervenção: «Vir para estes debates com a intenção de vir lançar lama para cima das pessoas é desprestigiar esta casa».

Depois, apresentou os argumentos em defesa do antigo ministro socialista, colocado em causa por Louçã. «O doutor Jorge Coelho saiu do Governo há sete anos. Serviu o seu país. Deu o seu melhor ao serviço da política. Não merece ser achincalhado como o senhor fez», sublinhou.

E num tom exaltado acusou o deputado bloquista de utilizar «a falsidade e a mentira para dizer que há um conúbio entre o conselho de ministros e o conselho de administração de uma empresa».

«O que a política portuguesa não aguenta são esses seus tiques de pesporrência e autoridade moral superior para fazer julgamentos sumários relativamente aos outros. Comportando-se como um fariseu, lançando lama para cima das pessoas e dizendo que não há nisto nada de pessoal», atirou José Sócrates, dizendo a Louçã que o seu partido não recebe «lições de moral».
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