Défice: direita reconhece "sinais positivos", esquerda também e quer mais - TVI

Défice: direita reconhece "sinais positivos", esquerda também e quer mais

  • AM - Atualizada às 17:10
  • 22 set 2017, 13:38

Após os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística, partidos da oposição e do Governo mostram-se satisfeitos com a evolução

O líder do PSD, Pedro Passos Coelho, considerou que os números divulgados sobre o défice e o crescimento são "os esperados", desejou que possam ser melhores e saudou a revisão em alta do crescimento em 2015.

Os dados que foram agora divulgados pelo INE [Instituto Nacional de Estatística] não trazem grande novidade, não trazem um dado que não fosse esperado", considerou Passos Coelho, em declarações aos jornalistas à margem de uma ação de campanha autárquica na Batalha.

Por outro lado, salientou, os dados do Instituto Nacional de Estatística revelam que a economia em 2015 - último ano do Governo que liderou - foram de 1,8% em vez do 1,6% até agora registado.

O desempenho da economia em 2015 foi ainda mais robusto e isso ainda deu uma ajuda para 2016", defendeu Passos Coelho.

O líder do PSD alertou, por outro lado, que os números do INE trouxeram "outra incógnita", qual vai ser o impacto da recapitalização da Caixa Geral de Depósitos (CGD) no valor do défice.

O primeiro-ministro disse reiteradamente que o impacto seria nulo", alertou, admitindo que esses impactos são habitualmente apenas para o passado.

Para o futuro, Passos Coelho disse esperar que a economia possa crescer mais, mas alertou que o Governo terá de fazer diferente para que tal aconteça.

Estamos a crescer bastante mais porque fizemos no passado, por isso, todos, se queremos crescer mais em 2018, 2019, 2020, temos de ter mais captação de investimento e políticas reformistas", defendeu.

CDS: "Sinais positivos" resultado de esforço

Também a presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, saudou todas as notícias positivas para a economia portuguesa e desafiou o primeiro-ministro, António Costa, a aproveitar os sinais positivos para "coisas essenciais para as populações".

O défice orçamental foi de 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro semestre deste ano, uma diminuição face aos 3,1% registados no período homólogo, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE).

Tudo o que sejam notícias positivas para a economia portuguesa, entendemos que é bom. É bom lembrar e saudar os empresários portugueses, as muitas pequenas, médias, micro empresas em Portugal que com o seu esforço, o seu trabalho, o seu esforço de exportações, nomeadamente, estão a contribuir para estes resultados", afirmou Assunção Cristas.

A líder centrista desafiou o Governo para que "estes sinais positivos sejam bem aproveitados, em coisas que são essenciais para as populações e que transformam o quotidiano", apontando a "degradação dos serviços públicos" na saúde, educação e transportes.

O ano passado houve um número recorde de cativações que foram transformadas em cortes definitivos e que afetaram diretamente muitos serviços. Estamos a falar de mil milhões de euros, num Orçamento que não tem transparência. Aliás, o PS gosta muito pouco da transparência nas suas opções", acusou a líder centrista, que falava durante uma ação de campanha para a Câmara de Lisboa.

A presidente do CDS-PP estendeu igualmente o desafio à dívida, instando António Costa: "Diz que é só para outubro, mas certamente notícias positivas na economia também devem desafiar o Governo a tratar da dívida, que é um dos grandes problemas estruturais em Portugal".

PCP quer mais direitos e rendimentos 

O secretário-geral comunista considerou os dados sobre o défice uma "evolução positiva" que confirma os benefícios da devolução de rendimentos e direitos aos portugueses, defendendo que o Governo socialista tem de continuar e não travar tais políticas.

É uma evolução positiva que registamos, mas que confirma outro facto relevante: esta política de reposição de rendimentos e direitos aos trabalhadores e ao povo português teve consequências diretas nesse resultado, tendo em conta a possibilidade de algum aumento do poder de compra e as famílias estarem mais tranquilas em relação ao seu futuro", disse Jerónimo de Sousa.

Entre "arruadas" autárquicas, o líder do PCP voltou-se contra a "ditadura do défice" e a "pouca flexibilidade" de um Governo que tem um "amarramento" aos "ditames" da União Europeia.

Daqui pode-se tirar uma conclusão: este é o caminho a prosseguir e a aprofundar e não parar e recuar", afirmou Jerónimo de Sousa.

O défice orçamental dos primeiros seis meses revela também uma ligeira melhoria face ao primeiro trimestre do ano, mas fica aquém da meta do Governo para o conjunto do ano: obter um défice de 1,5% do PIB.

Há aqui uma contradição que tem de ser resolvida: todos consideramos, o próprio Governo também, que foi a reposição de rendimentos e direitos que permitiu uma evolução positiva na economia, então há que aprofundar e desenvolver e não parar ou abrandar em nome de um rigor", insistiu o secretário-geral comunista.

Sobre as negociações do Orçamento do Estado para 2018, Jerónimo de Sousa descreveu que o seu partido está nas reuniões com o executivo de António Costa "sem nenhuma linha vermelha", mas a bater-se pelas próprias propostas, "fundamentando-as, demonstrando que é possível este avanço e este progresso".

BE diz que é tempo de investir 

A coordenadora do BE considerou, por sua vez, que depois das "boas notícias" da execução orçamental, este é momento de realizar "o investimento público que estava previsto" e que, apesar de cabimentado, está parado.

À margem de uma ação de campanha para as autárquicas em Famalicão, Catarina Martins constatou que os dados da execução orçamental "mostram que a meta do défice é alcançada mais rapidamente do que estava previsto porque houve crescimento económico, ou seja, aumentam os impostos de receita de consumo e aumentam as contribuições para a Segurança Social".

Este é o momento de retirar a consequência e de executar a despesa que está prevista em investimento público. As contas públicas mostram que isso é possível, é desejável. Se temos boas notícias, façamos mais pelo país".

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