"[Os partidos de esquerda] sabiam que o derrube do Governo seria o seu pecado original. Esse pecado hoje está-lhes tatuado na pele [e] será impossível a qualquer um destes partidos prosseguirem a sua atividade no parlamento, ou no Governo, sem terem de admitir esse pecado original: o de virem a ter um Governo que representa uma fraude eleitoral e um golpe político no país."
Pedro Passos Coelho considera que não se pode governar "contra a maioria absoluta do parlamento" e defendeu que em circunstâncias normais a Assembleia da República deveria ser dissolvida.
"E se o parlamento não respeita a vontade popular, a vontade que os eleitores manifestaram nas urnas, em circunstâncias normais, esse parlamento deveria ser dissolvido, para que fosse o povo a decidir que Governo desejaria ter".
Passos Coelho diz que cabe, agora, a "esta soma de derrotados", encontrar uma solução para o país.
"Esta soma de derrotados, esta maioria negativa que se formou no parlamento, (...) tem agora a estrita obrigação, política e moral, de encontrar uma solução de Governo para o país. Mas essa solução ainda não existe."
Referindo-se ao secretário-geral do PS, António Costa, o presidente do PSD salientou: "Ele disse que nunca inviabilizaria um Governo se não tivesse em alternativa um Governo estável, duradouro, coeso, consistente". Ouviram-se risos na sala.
"E esse Governo não existe".
O presidente do PSD, desafia, ainda, o PS a aceitar fazer uma revisão constitucional extraordinária para que rapidamente possa haver novas eleições legislativas.
"Estou inteiramente disponível para dar o meu apoio a uma revisão constitucional extraordinária que garanta a possibilidade de o parlamento ser dissolvido para que seja o povo português a escolher o seu Governo", afirmou.
"Se aqueles que querem governar na nossa vez não querem governar como golpistas ou como fraudulentos, deveriam aceitar essa revisão constitucional e permitir a realização de eleições", acrescentou o chefe do executivo PSD/CDS-PP, que foi demitido na terça-feira através de uma moção de rejeição aprovada pelos partidos da oposição.