A questão tinha já sido levantada pelo jornal Público que contava, esta quarta-feira, que já tinha questionado o gabinete de Passos Coelho sobre os processos de execução fiscal. Ao Público e ao Expresso o primeiro-ministro não respondeu, alegando, segundo o Expresso, que esta é uma matéria do foro privado.
Passos Coelho falou sobre estes processos durante 10 minutos, nas jornadas parlamentares do PSD, e sugeriu que iriam surgir mais notícias sobre o seu pagamento de impostos. Passos Coelho pareceu assim responder por antecipação, sem, no entanto, revelar que em causa estavam processos de execução fiscal.
«Pode ter a certeza que eu, muitas vezes na minha vida, ou me atrasei, ou entreguei na altura que o Estado me exigiu aquilo que me era exigido. Ninguém esperará que eu seja um cidadão perfeito. Mas nunca deixei de solver as minhas responsabilidades», disse.
Segundo o jornal Público, os atrasos na declaração de IRS não originam processos de execução fiscal. Já o jornal Expresso, adianta que as alegações de irregularidades no IRS do primeiro-ministro estão detalhadas em alguns blogs na Internet.
Segundo o Expresso, o primeiro processo será de maio de 2003 e será de um montante de 100 euros. O segundo terá sido instaurado em fevereiro de 2004 e durado até fevereiro de 2005, com valores acima dos dois mil euros. O terceiro de julho de 2004 a agosto de 2005 será do mesmo valor. O quarto processo, de julho de 2006, será de 800 euros e o último será de finais de 2007 e ao qual correspondem cerca de 100 euros.
Na terça-feira, o primeiro-ministro admitiu mesmo que tinha sido questionado, mas argumentou que a sua situação eram comum à de muitos portugueses.
«Faço questão de o dizer aqui hoje, porque tive ainda ontem [segunda-feira] conhecimento de que há pelo menos jornalistas e [um] jornal que querem expor aspetos da minha vida fiscal, comuns de resto a muitos milhares de portugueses, apenas com o propósito de querer sugerir que somos todos iguais».
Passos aludiu ainda aos processos que foram instauradas a quem tentou obter informações sobre o seu passado fiscal.
«Talvez agora se perceba um bocadinho melhor as notícias que têm vindo a público de processos que foram instaurados ao nível da administração tributária por gente que, fora daquilo que são as suas obrigações profissionais, pretendeu conhecer detalhes da minha carreira fiscal».
O primeiro-ministro deixou ainda uma garantia.
«Não tenho nenhuma dívida ao fisco», disse, sem responder, no entanto, se no passado teve.
A dúvida está instalada. E quando a isso, Pedro Passos Coelho, primeiro-ministro de Portugal, só poderá escapar se esclarecer, com documentos como exige a oposição , se teve ou não processos de execução fiscal.