"Não acho que haja falta de solidariedade. A Grécia recebeu das instâncias europeias, incluindo países da zona euro, mais de 200 mil milhões de euros, se contarmos com FMI, muito perto daquilo que é o seu PIB, o que não aconteceu em mais nenhum país da Europa. A Grécia tem tido de uma forma muito concreta, uma expressão clara da solidariedade europeia".
Dizer-se que há falta de solidariede está, por isso, "fora de questão", na ótica do chefe de Governo.
A saída do euro já esteve mais longe de ser uma realidade e a falta de acordo para isso não acontecer, não surpreendeu Passos Coelho, que não descarta uma onda de choque.
"Não haverá consequências não posso garantir, evidentemente. A situação é muito difícil. Não se pode dizer que fosse uma absoluta surpresa. Todos sabíamos que, desejando que as negpciações podiam e deviam acabar bem, também sabíamos do risco que pudessem não ter esse desfecho"
E se, reconheceu, "ninguém pode dizer que está imune àquilo que possa acontecer", tentou descansar os portugueses: "Reafirmo, em todo o caso, que do ponto de vista financeiro Portugal não é apanhado desprevenido ".
O primeiro-ministro relativizou a subida das taxas de juro e a queda acentuada da bolsa, em Lisboa , esta segunda-feira, dizendo que é "natural" que haja volatilidade nos mercados. E insistiu que o Estado tem dinheiro nos cofres, "durante vários meses".
Sobre as declarações do Presidente da República - que disse que se a Grécia sair do euro, 18 países ficam -, Passos Coelho disse que não ouviu as palavras de Cavaco Silva. Contudo, "o que importa é reforçar coesão dos países da zona euro", sendo que "o mais delicado são as questões de natureza política".
"Tanto quanto possível, achamos que é importante politicamente a Europa manter a grande aposta neste projeto que é um projeto comum. Não é uma Europa à la carte, em que hoje se decide que fica, amanhã se decide que sai"
Do ponto de vista político, os governos têm de tomar as suas decisões, realçou. "Cada um responde" pelo seu país e, por isso, o referendo convocado por Alexis Tsipras tem de ser respeitado, à luz da "soberania" que goza enquanto nação.