Não é da boca de Pedro Passos Coelho que se ouvem as palavras: é uma formulação do mesmo, mas sem referir a palavra absoluta. “Não podemos ter menos condições do que tivemos nos últimos quatro anos”, sublinhou esta segunda-feira o candidato da coligação Portugal à Frente.
À entrada, a estrutura local do partido ignora a diretriz que ainda ontem o primeiro-ministro deixou claro no discurso ao dizer que não gostava de "poderes absolutos", e distribui fitas, que servem de bilhetes de entrada, com a frase: "Em Pombal, começa a luta pela maioria absoluta".
#eleicoestvi24 pela primeira vez, #paf pede maioria absoluta (nas fitas de pulso distribuídas à entrada do pavilhão) pic.twitter.com/lpeSM7nCUb
— Judite França (@juditefranca) 28 setembro 2015
As pulseirinhas ficaram até ao fim, mas uma enorme faixa acabou por ir para ao lixo. Pelas 19h, quando as primeiras equipas de reportagem chegaram ao pavilhão para o jantar-comício, a estrutura local colocava uma tarja que se podia ler bem ao longe e que dizia o mesmo: "Em Pombal, começa a luta pela maioria absoluta".
Mas uma hora depois já tinha sido retirada da parede; afinal Passos continua no discurso a contorna as palavras, apesar de não ignorar o seu significado: "Se quisermos alcançar mais do que temos hoje, não podemos ter menos condições do que tivemos nos últimos quatro anos", uma frase que aponta para a maioria absoluta, sem nunca o dizer explicitamente.
"Peço com naturalidade e humildade...", "temos de pôr as diferenças de lado e criar condições para ser bem sucedidos, e isso só depende da estabilidade política e da escolha que fizermos nas eleições".
Para Passos Coelho, a equação é simples de fazer: "com a estabilidade que nos deram há quatro anos, vencemos a crise"; com a reeleição, o também primeiro-ministro promete "mais": " Só chegamos aqui com o seu apoio, e sei o que poderemos fazer com o seu apoio".
O apelo ao voto é tónica de campanha, a seis dias de eleições, com Paulo Portas a citar uma história para deixar gravada na memória de quem o ouve - sobretudo em casa - e que culmina na frase eficaz:
"Acha que vou votar no incendiário ou no bombeiro? No bombeiro, claro!"
Antes do início do comício, o líder do CDS deixou claro que o relatório da Comissão Europeia sobre Portugal ter margem para o aumento da carga fiscal é uma "mera opinião de Bruxelas" que não cabe no programa de Estabilidade, já entregue às instituições europeias, e que o país se compromete a cumprir. Ao de leve, Passos Coelho também irá ao tema, para dizer que tendo as contas em dia, pagando a dívida, "é possível lançar o caminho progressivamente, com segurança, desonerar as famílias e as empresas", com a redução gradual da sobretaxa de IRS e com a descida do IRC.