Passos Coelho afirma, no entanto, que «não há nenhum Governo nem nenhuma ministra que mande executar uma transferência [deste tipo] com a garantia de colapso do sistema informático. Isso não aconteceu de certeza». Aliás, as simulações que o primeiro-ministro diz que foram efetuadas levaram a crer que «o levantamento de novas comarcas iria ser feito sem problemas».
Não foi o que se verificou e ele próprio admite o «transtorno» causado - tal como a própria ministra Paula Teixeira da Cruz, que chegou a pedir desculpa -, mas garante que «todo o empenho» do Governo de forma a «minimizar os impactos desse transtorno».
À deputada do Bloco de Esquerda Catarina Martins, que foi quem levantou a questão, Passos Coelho referiu que «a plataforma Citius só envolve o processo cível, o que é importante e não cola com a imagem que a justiça está bloqueada»
«Apesar dos esforços que foram feitos», ainda há «cerca de cinco ou seis comarcas» onde o programa informático não está a funcionar em condições, o que quer dizer que há 18 que, segundo Passos, «ficaram completas» e está tudo a correr melhor.
«Temos vindo a fazer trabalho sistemático» e «o processo aproxima-se do seu termo», garantiu.
Finalmente, quis dizer que, «se não podemos cumprimentar o Governo [por ter corrido tudo bem], podemos pelo menos reconhecer que numa reforma desta magnitude o Governo tem feito tudo, tudo para resolver [o problema] com a celeridade que se impõe realizar».
Daí que não tenha mencionado, sequer, uma possível demissão da ministra da Justiça. Disse que nunca fugiu às suas responsabilidades, «mesmo quando os assuntos não são cómodos». E mostrou estar ao lado da sua equipa: «Não deixo os membros do meu governo a lidarem sozinhos com os problemas. Procuro com eles resolver os problemas. Tenho trabalhado quer com ministro da Educação quer com a ministra da Justiça e com todos os meus ministros».
O debate centrou-se muito nos problemas da Justiça e da Educação, mas também ficou marcado pelo caso BES, com as eventuais perdas a suportar pelos contribuintes, e pela estreia de Ferro Rodrigues como líder da bancada do PS. Multiplicou os ataques ao Executivo, pediu eleições antecipadas e um pacto de regime, a imaginar já António Costa à frente do próximo Governo de Portugal.