O deputado socialista Paulo Pisco questionou esta terça-feira o Governo sobre a legalidade do recurso a prestadores de serviços nos consulados, nomeadamente sobre os direitos laborais e acesso a documentos confidenciais por parte destes trabalhadores.
«Atualmente existem já mais de 60 contratados que trabalham sob a tutela de empresas de prestação de serviços, sem qualquer vínculo laboral ao Ministério dos Negócios Estrangeiros, em, pelo menos, 11 postos consulares, ao mesmo tempo que já deixaram o quadro da função pública nestes três anos [de Governo PSD/CDS-PP] mais de 500 funcionários, 250 dos quais só em 2013», afirma o deputado do PS, num requerimento dirigido ao ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete.
No documento, entregue na Assembleia da República, Pisco considera que «o recurso a estas empresas levanta uma série de questões que exigem cabal esclarecimento», quer quanto à situação laboral dos trabalhadores, quer quanto aos contratos ganhos pelas empresas.
O socialista refere que os funcionários destas empresas «não possuem qualquer vínculo laboral» ao ministério e «não têm direito a férias nem a qualquer compensação no caso de terem de meter baixa médica, além de poderem ser substituídos sem quaisquer entraves».
Pisco questiona se o Governo «tem capacidade para garantir os direitos laborais desses trabalhadores ou não interfere nesta matéria e é tudo da responsabilidade das empresas contratadas?» e pretende ainda saber se o executivo tem conhecimento de «alguma situação de ilegalidade nestes contratos à luz da legislação laboral do país onde prestam esses serviços, particularmente na Europa».
Por outro lado, o socialista pergunta se «é legal e normal os trabalhadores dessas empresas terem acesso a documentos confidenciais e a dados pessoais dos portugueses residentes no estrangeiro».
O parlamentar já questionou o secretário de Estado das Comunidades, José Cesário, sobre estas matérias, na semana passada durante uma audição parlamentar. Na ocasião, o governante lembrou que o recurso a prestadores externos começou no anterior Governo, do PS, e garantiu que o ministério vai continuar a contratar serviços nestas condições, prevendo também a contratação direta de pessoal para os quadros.
No requerimento, Paulo Pisco pretende ver esclarecido se «todos os contratos» da empresa Iten Solutions – Sistemas de Informação, SA, foram para prestação de serviços nos consulados.
O deputado menciona que a empresa foi criada em julho de 2013 e desde setembro do ano passado «ganhou um contrato [público] por mês», ao longo de um ano.
«Quantos contratos já ganhou esta empresa, em que montantes e para que consulados?», questiona, perguntando ainda: «De quem é a responsabilidade da escola destas empresas no ministério dos Negócios Estrangeiros?».
Na reunião da comissão parlamentar dos Negócios Estrangeiros e Comunidades, Cesário não esclareceu qual a situação da empresa e remeteu quaisquer esclarecimentos para a secretaria-geral do ministério.
«Quero que fique muito claro que todo este processo [contratação de prestadores externos] é conduzido pela secretaria-geral do ministério. Eu não interfiro nem interferirei na escolha de qualquer empresa. Não sei se, no passado, isso se verificou», sublinhou.
PS questiona Governo sobre legalidade de prestadores de serviços nos consulados
- Redação
- AM
- 4 nov 2014, 14:11
Nomeadamente sobre os direitos laborais e acesso a documentos confidenciais por parte destes trabalhadores
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