Cavaco «tem grandes culpas no cartório» - TVI

Cavaco «tem grandes culpas no cartório»

Palavras de Jerónimo de Sousa na abertura dos trabalhos das jornadas parlamentares do PCP. Jerónimo mostrou-se ainda escandalizado com encontro de Passos e Ricciardi

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O líder comunista prometeu esta segunda-feira que o seu partido vai combater as intenções alheias de alteração à lei eleitoral, criticando ainda o discurso da véspera do Presidente da República, nas comemorações do 05 de Outubro.

«Ainda ontem tivemos um exercício nessa linha do atual Presidente da República, ele que tem grandes culpas no cartório e na situação em que o país se encontra», afirmou Jerónimo de Sousa, na abertura das jornadas parlamentares do PCP, em Loures.

Cavaco Silva tinha afirmado a necessidade de uma cultura de compromisso político, considerando que, caso contrário, há um risco de implosão do atual sistema partidário português. O chefe de Estado propôs ainda uma reflexão urgente sobre o regime político português, destinada a encontrar soluções para os problemas de governabilidade.

«Manobras de diversão e falsas soluções que escondem igualmente velhos objetivos antidemocráticos, que se pretendem aproveitar o justo sentimento de crescente rejeição popular a práticas políticas assentes na mentira, nas promessas não cumpridas, na subordinação aos interesses e aos negócios do grande capital, no aproveitamento de cargos em benefício próprio, para justificar alterações da legislação sobre os partidos e o seu financiamento e da legislação eleitoral», definiu o secretário-geral do PCP.

Segundo Jerónimo de Sousa, «trata-se de alterações sobre o funcionamento dos partidos e seu financiamento que visam pôr em causa a independência para os submeter indiscriminadamente às praticas e interesses da classe dominante, bem como da legislação eleitoral para subverter a vontade e a representação do povo português», recusando a «redução do número de deputados» e a «manipulação dos círculos eleitorais, incluindo os círculos uninominais».

O líder parlamentar comunista, João Oliveira, também se referira ao «quadro em que ganhou eco presidencial o discurso da necessidade de alterações ao sistema eleitoral para garantir a governabilidade e aproximar eleitos de eleitores».

«Discurso em que, manipulando o justo descontentamento dos portugueses, com as políticas que lhes são impostas, se procura responsabilizar todos os partidos como se todos tivessem as mesmas práticas para que os verdadeiramente responsáveis possam afinal respirar de alívio», num registo da Lusa.

As jornadas parlamentares do PCP decorrem esta segunda e terça em Loures.

«O exemplo acabado da política do compadrio»

O secretário-geral do PCP mostrou-se ainda escandalizado com o encontro no mesmo seminário económico no Algarve entre o primeiro-ministro e o antigo responsável do Banco Espírito Santo (BES) José Maria Ricciardi.

«O exemplo acabado da política do compadrio, da promiscuidade, da impunidade que permanecem com um descaramento brutal. Quem viu ontem no Fórum Algarve Ricciardi, presidente do BESI, uma dos principais dirigentes da estrutura BES/GES, lado a lado com Passos Coelho, a ser tratado como um banqueiro impoluto e a perorar sobre a justeza das medidas do Governo para o BES. O mínimo que pode dizer, camaradas, é que isto é um verdadeiro escândalo», indignou-se, na abertura das jornadas parlamentares comunistas, em Loures.

Para o líder do PCP o que se passa no setor financeiro «é bem o resultado de uma política de favorecimento da especulação, das negociatas, do enriquecimento injustificado, de extorsão sistemática dos recursos do país e dos portugueses».

«Há quem pense, face a atual gravidade da situação que está criada, que o país está nas mãos de uma espécie de aprendizes de feiticeiro que já não controlam os seus atos e as consequências das suas decisões, mas a dramática situação que vem à luz do dia na justiça, no ensino, na saúde, na segurança social, no mundo do trabalho, no setor financeiro, na economia e na ciência», disse, optando por classificar a ação política do executivo de Passos Coelho e Paulo Portas como «abuso de poder, cegueira ideológica, ação destruidora e insensibilidade social e humana».
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