OE2019: “Não estamos a falar sozinhos”, diz Jerónimo de Sousa - TVI

OE2019: “Não estamos a falar sozinhos”, diz Jerónimo de Sousa

  • JFP
  • 3 jul 2018, 14:47

Secretário-geral comunista avisou o PS do descontentamento crescente dos trabalhadores em relação às leis laborais e outras questões

O secretário-geral comunista afirmou que o PCP não anda a falar sozinho, mas sim a dar voz às injustiças, avisando o PS do descontentamento crescente dos trabalhadores em relação às leis laborais e outras questões.

"Quanto à voz ou força da voz do PCP, naturalmente, nós não estamos a falar sozinhos. As vozes dos trabalhadores e a sua luta têm sido elemento fundamental para influenciar o curso da vida política nacional", afirmou Jerónimo de Sousa, numa ação contra a precariedade, junto de funcionários do centro de contacto da energética EDP, em Lisboa.

O presidente do PS, Carlos César, declarara antes, nas jornadas parlamentares socialistas no Alentejo, esperar que as negociações do próximo orçamento (OE2019) sejam caracterizadas pelo "indispensável sentido de responsabilidade" e manifestou-se convicto de que os parceiros da esquerda não querem voltar a uma situação de isolamento político.

"Não olhem só para o PCP, olhem para os sentimentos de descontentamento e injustiça que muitos e muitos trabalhadores sentem. Naturalmente, aí estará o PCP, dando voz a esses sentimentos", continuou Jerónimo de Sousa, reiterando a intenção de proceder ao "exame comum" da proposta de OE2019.

Jerónimo de Sousa voltou a lamentar a atual convergência entre PSD/CDS e PS e sobre declarações do primeiro-ministro, o socialista António Costa, de que não é possível dar tudo a todos ao mesmo tempo, criticou o "tudo" no que toca às "imposições da União Europeia", em relação à redução do défice e da dívida ou às transferências de verbas estatais para as Parcerias Público-Privadas (PPP), negando tal "dicotomia" nos serviços públicos, especialmente na saúde.

"Em relação ao OE2019, o compromisso do PCP é o exame comum. Quando vier a proposta, faremos esse exame. Estaremos dispostos a lutar para que algumas coisas não estejam lá. Outras em que é preciso e possível avançar, designadamente num quadro em que se deve repor aquilo que foi roubado aos trabalhadores e ao povo português, um posicionamento construtivo e que levará depois a decidirmos em conformidade, sem aceitar chantagens nem pressões".

Jerónimo de Sousa voltou a condenar as alterações à legislação laboral acordadas pelo Governo na concertação social e que serão debatidas sexta-feira no parlamento, juntamente com iniciativas de BE, PCP, PEV, PAN e, eventualmente, PS, embora o pacote legislativa possa vir a não ser votado de imediato. O líder parlamentar socialista também hoje afirmou que, após a concertação social, segue-se a fase da "concertação parlamentar".

O líder comunista destacou o "cutelo" e "instrumento de chantagem" da manutenção da caducidade da contratação coletiva, a nova "taxa" para empresas que abusam da contratação com vínculo precário, tolerando-se assim que a um posto de trabalho permanente não corresponda um contrato efetivo, bem como a regulação de horários (banco de horas).

Sobre a EDP, Jerónimo de Sousa salientou o facto de a empresa ter "1.113 milhões de euros de lucro", enquanto há trabalhadores com "15/20 anos vínculos precários e salários pouco acima do mínimo nacional", além de o administrador receber "262 vezes mais que um trabalhador do 'call centre'".

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