TAP: "Existem todas as razões para anular e reverter a privatização" - TVI

TAP: "Existem todas as razões para anular e reverter a privatização"

TAP (Lusa)

PCP diz querer ouvir em sede de comissão parlamentar o ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques. Já a oposição acusa a "geringonça" de querer transformar a TAP em ‘TAPzinha'

O deputado comunista Bruno Dias reiterou esta quarta-feira a necessidade de reverter o processo de privatização da TAP e anunciou a proposta de ouvir em sede de comissão parlamentar o ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques.

Em declaração política no parlamento, o deputado do PCP declarou que "existem todas as razões - políticas, económicas, jurídicas - para anular e fazer reverter imediatamente esta privatização, sem qualquer indemnização, como ato ilegal que foi".
 

"Nesse sentido, apresentaremos na Comissão de Economia, Inovação e Obras Públicas a proposta de que seja ouvido o ministro do Planeamento e das Infraestruturas para que esta Assembleia tenha o ponto de situação e o debate em torno desta questão estratégica para a nossa economia e para a soberania nacional".


O deputado do CDS-PP Hélder Amaral recorreu à alcunha utilizada para o conjunto de forças políticas que apoiam o Governo socialista [PS, BE, PCP, PEV] - "geringonça" - para inquirir se o PS tem a mesma opinião sobre o processo que os comunistas.
 

"Vejamos se a geringonça está assim tão desengonçada... a posição sobre a TAP não consta [dos acordos bilaterais celebrados para viabilizar o executivo liderado pelo socialista António Costa]", afirmou, acrescentando que "o PS é um partido que quando está na oposição não quer privatizar e quando está no Governo sempre o pretendeu".


O parlamentar social-democrata Luís Leite Ramos classificou a intervenção de Bruno Dias como "mais um aviso do PCP ao PS, sobre a forma como o assunto deve ser gerido".

"Afinal, qual é o projeto do PCP para a TAP? Quer transformar a TAP numa ‘TAPzinha'?", questionou, referindo-se à consequente necessidade de "injetar dinheiro dos contribuintes", proceder a "despedimentos" e ao "fim de algumas rotas", em virtude dos exemplos de outras empresas do género na Europa e das regras impostas por Bruxelas.


O socialista João Paulo Correia contrariou que "a posição política do PS, agora no Governo, é a mesma", pois sempre preconizou "que a empresa, estratégica para o país, continuasse maioritariamente nas mãos do Estado".

"Foi um dos processos mais nebulosos e menos transparentes do anterior Governo. É um processo com ângulos mortos. Agora, o consórcio [vencedor do concurso de privatização] pondera terminar com voos de longo curso no aeroporto de Sá Carneiro, no Porto... O risco de pagar a dívida da TAP ficou do lado do Estado... Quem garante que não há outros ângulos mortos?", perguntou.

O deputado do BE Heitor de Sousa falou de um "saque público absolutamente inaceitável" para "entregar ao setor privado", criticando a "nova política da nova-velha administração da empresa".

"O que está a acontecer na TAP não é investimento estrangeiro nenhum, é um saque! O famoso ‘dinheiro fresco injetado na companhia' está a ser espremido da própria TAP", tinha também já referido o comunista Bruno Dias, exemplificando com a encomenda de novos aviões ou a venda de edifícios da companhia aérea.

O parlamentar do PCP lamentou os anúncios de "aplicação do modelo do serviço típico das companhias ‘low-cost' (baixo custo), que passará a cobrar pelas refeições servidas a bordo" e a "imposição de uma sobretaxa de Boas Festas, a encarecer as passagens aéreas nesta época, só porque sim, só porque podem".

"É um escândalo nacional que tem de ter um fim de uma vez por todas. Já está a sair caro ao país e ainda vai sair mais caro", afirmou, condenando o negócio do executivo liderado por Passos Coelho e Paulo Portas, "pela calada da noite", numa "venda à margem da lei - ilegal e inconstitucional".

Sobre as posições de PCP e PS relativamente ao assunto, Bruno Dias admitiu "opiniões diferentes em relação ao futuro da companhia", mas a existência de consenso sobre a necessidade do "negócio ruinoso ter de ser travado e cancelado".
Continue a ler esta notícia